Não dormi. Às 6h da manhã meu celular tocou e saí do quarto para atender, deixando Marcos e Ana Luiza na cama. Era minha mãe. Ela estava preocupada e muito apreensiva, obviamente. Ela queria ouvir da minha boca o que estava acontecendo. Expliquei novamente e a convenci, mais uma vez, que ela não deveria vir para Manaus.
Eu precisaria muito dela, mas não em Manaus, não naquele momento. Ela tinha que entender isso e manter a calma. Mas eu entendia minha mãe. Ela me ajudou a cuidar da Ana Luiza quando ela ainda estava na minha barriga, era a avó elevada a décima potência.
Enquanto eu falava ao telefone, Marcos levantou da cama e ficamos conversando. Mostrei o atlas de anatomia pra ele, apontando a região afetada pelo tumor. Mostrei um site na internet, que falava do tal rabdomiossarcoma e que todos os sintomas, a idade, a localização levavam a crer que poderia, realmente, ser aquela doença tão agressiva. Desde aquele dia, eu decidi que não ia ler mais nada na internet. Eu tinha vontade, mas não tinha coragem.
Marcos e eu ainda tínhamos várias coisas para providenciar. Uma delas, dizia respeito a guarda da Ana Luiza. Muitos não sabem, mas o Marcos não é pai biológico de Ana Luiza. Aproximadamente em julho deste ano, Marcos e eu decidimos entrar com o pedido de guarda definitiva de Ana Luiza, além de solicitar a regularização de pensão. Estávamos aguardando essa iniciativa do pai biológico dela, desde junho de 2008, quando ele nos procurou em nossa residência.
Entrei em contato com nossa advogada super cedo. Liguei várias vezes. Fiquei até com vergonha, mas precisava falar com ela para saber o que fazer, afinal não tínhamos qualquer noção do que poderia acontecer em São Paulo. Se para a realização de algum procedimento específico, a equipe médica precisaria de alguma autorização de pai/mãe, ou se Marcos precisaria de algum tipo de procuração do pai biológico de Ana Luiza, ou qualquer coisa do tipo.
A advogada pediu que eu levasse os documentos (laudo/encaminhamento médico, passagens para São Paulo, etc) e que eu não me preocupasse que até o fim do dia, Marcos e eu estaríamos com a guarda da Ana Luiza.
Preocupada, ainda liguei para alguns amigos, na tentativa de pedir ajuda neste caso, mas todos foram unânimes: “Não se preocupe. Nenhum juiz, em sã consciência, deixaria de conceder a guarda neste caso.”
Saindo do escritório da advogada, uma grande amiga chamada Amazônia me liga. Chorei no telefone e ela viu meu desespero. Eu precisava ter calma. Foi quando lembrei, “do nada”, que um ano atrás, exatamente em agosto de 2009, Ana Luiza tinha tido uma hemorragia nasal na escola. A tia Luciana, professora dela, me ligou e fui buscá-la. Levei Ana Luiza até o Pronto-socorro e a médica plantonista disse que eu não me preocupasse, pois isso era comum na infância. Argumentei, dizendo que minha filha nunca havia tido aquilo antes, não estava resfriada e que eu só sairia do Hospital com um exame de imagem da cabeça. Ela, contrariada, solicitou uma tomografia computadorizada do crânio e da face de emergência. Fiquei mais de 6 horas no hospital aguardando o resultado dos exames e, finalmente quando saiu o resultado, me entregaram apenas o Laudo, que dizia que tudo estava normal. As imagens e o laudo seriam entregues na próxima semana.
Não fui buscar as imagens, obviamente. Mas lembrei deste episódio justamente naquela hora em que conversava com Amazônia e dei uma missão a ela: “Consiga essas imagens. Pelo amor de Deus, consiga essas imagens pra mim!”
Cheguei em casa, comentei com Marcos a questão da tomografia e, por acreditar que não teríamos tempo hábil para conseguir o termo de guarda, levando em conta a morosidade da Justiça, resolvi ligar para o pai biológico de Ana Luiza. Além dele ter o direito de saber o que estava acontecendo, naquele momento eu deveria voltar todos os meus esforços em benefício da saúde da minha filha. Se eu precisasse da ajuda dele, não me importaria em implorar por ajuda.
Por volta das 8h30min, liguei pra ele. Com a voz sonolenta, ele atendeu o telefone e eu comecei a explicar o que estava acontecendo. Disse que ainda não sabíamos o que ela tinha, mas que estávamos embarcando para São Paulo, para definir o diagnóstico e o tratamento. Enfatizei que talvez houvesse a necessidade de algum tipo de procuração, caso fosse exigido pelo Hospital, autorização de pai/mãe para alguma intervenção.
Ele apenas disse: “Vou passar o telefone para o meu pai”.
Repeti exatamente o que tinha dito anteriormente. O avô biológico ouviu tudo e disse: “Eu não estou entendendo... Mas me esclareça uma coisa, Carol, você ainda quer ir embora para o Canadá?!”
Aquilo foi um soco no meu estômago. Enquanto eu estava em frangalhos em virtude da saúde da minha filha, o avô biológico dela, me perguntava, com certo desdém, se eu ainda queria ir embora para o Canadá, se referindo a nosso sonho (hoje tornado impossível em virtude da doença), de fazer o processo de imigração para um país de primeiro mundo.
Aquilo me pareceu surreal. Enquanto eu falava de um assunto tão importante, o avô biológico da minha filha estava preocupado com um assunto tão irrelevante: Minha ida ou não para o Canadá.
E aqui preciso fazer um “mega parênteses” para tentar explicar resumidamente, um pouco da minha vida. Não que esse assunto seja importante agora, pois ele REALMENTE não é. Mas eu não imaginava que exatamente esse assunto, traria momentos de muita angústia, justamente no período mais desesperador de nossas vidas... Vocês vão entender melhor meu coração, se eu explicar:
Eu engravidei de Ana Luiza, aos 19 anos.
Exatamente em novembro de 2002 eu descobri que estava grávida de um ex-namorado. Esse namorado, conheci aos 17 anos, quando vim morar em Manaus. Ele já estava indo para o 2º ano da faculdade de Informática e eu, caloura, iniciava minha vida acadêmica.
Nosso namoro foi marcado por momentos emocionantes. Não exclusivamente bons, se é que vocês me entendem. Meus amigos da faculdade, inicialmente a Thâmysa, depois o Rodrigo e Milena (padrinhos de Ana Luiza) acompanharam vários destes momentos.
O namoro acabou, como boa parte dos namoros acabam: Tomei vários “chifres”. Perdoei. Tomei outros tantos. Fui humilhada na frente de amigos e mesmo vivendo um romance doentio, cheio de falta de amor próprio, resolvi aceitar o fim.
Eu me lembro perfeitamente, que em setembro de 2002, quando todo mundo falava do 1º ano do ataque terrorista às Torres Gêmeas, eu ainda me entristecia por ter sido tão menosprezada por alguém que eu tinha dado tanto amor.
Ao descobrir que estava grávida do ex-namorado, aquela pessoa que tinha me humilhado tanto durante os últimos anos, fui tomada de uma tristeza e um medo absurdo. Eu fiquei triste porque sabia que seria mãe solteira aos 20 anos, tinha certeza que as chances de eu ter uma vida profissional medíocre seriam infinitamente maiores, pois teria que abrir não de tudo em nome do filho que teria e tinha medo porque eu tinha plena certeza que seria mal interpretada, principalmente por ele, o pai.
Eu ainda gostava do tal ex-namorado quando engravidei dele? Eu achava que sim. Ele pensou que eu engravidei de propósito? Ele tinha certeza que sim.
A gravidez foi difícil. Eu ainda mendigava o amor dele, mesmo ele tendo deixado muito claro, em alto e bom som que não aceitava aquela gravidez. Rodrigo e Milena presenciaram o dia em que ele soube da gravidez e imediatamente disse: “Você não pode ter esse filho! Eu sou muito novo e você também. Isso vai acabar com minha vida. Você não pode ter esse filho”, ele repetia.
Eu não sei se ele lembra disso, mas o fato é que quem bate, esquece. Mas quem apanha, nunca esquece. E nesse dia, eu não ouvi isso sozinha. Éramos 4 pessoas ouvindo: Eu, Rodrigo, Milena e Ana Luiza, ainda na minha barriga. Ela tinha apenas 4 semanas de vida embrionária, mas ela já existia. Isso é fato.
Ana Luiza nasceu em julho de 2003 e o pai biológico tinha coisas mais importantes para fazer: Regularizar o serviço militar obrigatório dele, em Boa Vista-RR. Ele deixou claro que não poderia estar presente. Nem ele, nem ninguém da família dele. Apesar de ter 2 irmãs (uma delas, também mãe solteira) e os pais gozarem de plena saúde, não estiveram na maternidade. Não reivindicaram o lugar que sempre fora deles: o de avôs paternos de uma criança que não havia sido planejada. A segunda neta não planejada, diga-se de passagem.
Registrei Ana Luiza sozinha, como filha de “pai desconhecido”, para não perder o plano de saúde dela. Ana Luiza nasceu com refluxo gastroesofágico e precisava de cuidados médicos. Após 2 meses do nascimento, quando todas as prioridades haviam sido resolvidas, o pai biológico dela veio a Manaus para registrá-la. Eu me lembro que algumas pessoas comentaram que eu era muito “desesperada”. Que deveria ter esperado, pois ficar sem plano de saúde por alguns dias não era um problema... Sei...
Os anos foram passando. Eu me formei, logo em seguida comecei a trabalhar. Isso já era, por si só, motivo de grande felicidade: Eu conseguiria sustentar, pelo menos em parte, os gastos de minha filha. Meus pais foram fundamentais nesse período, pois sempre me auxiliaram, seja dando o suporte financeiro, seja dando o suporte emocional. Em determinada época, o pai biológico dela, comprometeu-se em pagar o plano de saúde; deixou atrasar 2 meses e depois, quando questionado, disse que plano de saúde era bobagem! Me enviou um e-mail afirmando que muitas pessoas viviam muito bem sem plano de saúde. Ainda bem que esta doença maligna, veio alguns anos depois, quando ela já tinha um bom plano de saúde, pago pela empresa onde trabalho. Cada aplicação de quimioterapia varia entre 10 e 15 mil reais. Mas muita gente vive sem plano de saúde... Sei...
Em setembro de 2005 conheci Marcos e nossas vidas mudaram. Talvez eu fale sobre isso um dia. Mas o fato é NOSSAS vidas mudaram mesmo. A minha, a dele e principalmente de Ana Luiza. Um dia ela perguntou pra mim: “Mamãe, posso chamar ele de papai ao invés de Marcos?”
Ela já tinha escolhido um papai. E eu tinha encontrado uma pessoa maravilhosa, cheia de defeitos, claro. Mas com virtudes que sempre superaram os defeitos. Hombridade, honestidade, respeito e dignidade.
Casamos em 2007 e Ana Luiza nunca foi enteada. Sempre foi filha, neta e sobrinha. Sempre foi uma criança extremamente amada pela família do Marcos, como se “de sangue” realmente fosse.
Durante todos estes anos, ouvi calada alguns comentários extremamente maldosos de pessoas de Boa Vista, que pouco sabiam da minha vida, mas que aceitavam essas “histórias” como uma boa justificativa para a ausência da família biológica, que durava anos.
Fui “acusada” de ser várias coisas. No início, fui acusada de ter tentado aplicar um “golpe da barriga”. Depois fui acusada, de ter “me aproveitado” de um cara que estava bêbado. Algum tempo depois, chegou aos meus ouvidos que eu “proibia” a família do pai biológico e o próprio de terem contato com Ana Luiza.
Ao ouvir todos esses comentários eu sentia muita tristeza. Muita mesmo. Durante anos, tive que conviver com os mais terríveis boatos, que denegriam não somente a mim, mas a minha família também. Como alguém pode inventar tantas histórias absurdas, para fugir da própria responsabilidade? Eu não entendo, mas aceito as decisões de cada um. As pessoas são livres para plantar o que quiserem. Mas a colheita é obrigatória. Eu já tinha tomado minha decisão. Minha prioridade era: Viver minha vida de maneira decente e fazer o melhor por minha filha.
Em junho de 2008, faltando poucas semanas para o aniversário de 5 anos de Ana Luiza, o pai biológico nos procurou em nossa residência. Naquela ocasião afirmava, dentre outras coisas, que gostaria de ter um relacionamento com a filha. Ele admitiu que foram anos de abandono, mas que agora, ele tinha condições de assumir a responsabilidade financeira que nunca teve anteriormente. Ele queria ter um relacionamento com a filha. Nada mais justo. Marcos e eu, ouvimos tudo que ele tinha a dizer e pedimos que ele regularizasse essa questão na Justiça. Tudo que eu exigisse, ou que ele determinasse poderia ser mal interpretado, como sempre foi. Ele saiu de nossa casa, depois de entregar uma mala de presentes para Ana Luiza e de tirar várias fotos com ela. Todos nós sabemos que a Justiça da Família anda rápido, ainda mais quando um pai decide, por conta própria, começar a pagar pensão e regularizar visitas. Entretanto, 2 longos anos se passarem sem sequer um telefonema de feliz aniversário, feliz natal, feliz dia das crianças, ou pelo menos um “oi”. Tentamos, em junho de 2010, que ele desse a guarda por livre e espontânea vontade. Mas foi uma tentativa frustrada.
Enfim, adivinhem qual foi o exato momento em que recebemos um oficial de justiça em nossa casa, dando conhecimento da audiência para tratar deste assunto?
Voltemos ao dia 22 de Setembro de 2010.
Eu acabava de explicar ao avô biológico de Ana Luiza, sobre nossa imensa vontade de ir morar no Canadá, do desejo de levar Ana Luiza até a Disney, de viajar com ela por todo o mundo, mas que naquele momento o que mais nos preocupava era a saúde dela. Enquanto explicava tudo isso, tentando não ficar chateada, eu olho em direção a minha casa e vejo uma pessoa na porta, conversando com Marcos e com Dona Francisca. Ele acena e pede que eu venha ao encontro deles.
Me despeço e desligo o telefone rapidamente, pedindo que ele entrasse em contato com meus pais, ou que me telefonasse a qualquer momento para esclarecer dúvidas ou até mesmo para saber notícias de Ana Luiza.
Quando me aproximo deles, noto que tratava-se de um Oficial de Justiça, entregando um documento que informava sobre uma audiência no dia 15 de Outubro de 2010, para tratar sobre a regularização de visitas e alimentos em favor de Ana Luiza.
O pai biológico resolveu fazer o que há 2 anos disse que faria: Regularizar a situação judicialmente, tal qual nós havíamos acertado. O que me deixou boquiaberta foram os termos e argumentos utilizados na petição. Mas isso não é assunto para este blog. Marcos e eu nos manifestaremos sobre isso na justiça e a verdade prevalecerá. Não tenho medo de encarar a verdade, mas conheço pessoas que não a toleram.
Parei e comentei com Marcos: “Tanta coisa para eu me preocupar agora, coisas infinitamente mais importantes e me aparece mais isso para resolver. Foram necessários 7 anos, 2 meses e 3 dias, para que o “básico” fosse providenciado e justamente no momento mais difícil da minha vida, ainda tinha que perder tempo com um assunto tão banal, diante do problema de saúde de Ana Luiza”.
Liguei para a advogada imediatamente, ela pediu que entregássemos os documentos e disse para eu ocupar minha cabeça com o que realmente importava: Ana Luiza. E foi exatamente isso que fiz. Quando nos preparávamos para ir novamente até o escritório da advogada, Ana Luiza acordou.
Vi que ela acordou sonolenta. Pedi que Tia Frida e Dona Francisca ficassem exatamente ao lado dela por alguns minutos enquanto eu e Marcos deixávamos os documentos com a advogada. Quando retornamos notei que ela estava totalmente diferente da criança que havia dormido no dia anterior: Estava totalmente indisposta e sonolenta.
Assim que fui dar os remédios receitados, ela começou a vomitar e não parou mais. Desesperada, liguei para o anjo da guarda, Tia Josely. Ela entrou em contato com o Neurologista que pediu para nos dirigirmos até o Pronto-socorro, pois ele precisaria avaliá-la. Ali começou uma correria que só teve fim às 18h do dia seguinte. Foram momentos de verdadeiro pânico.
Colocamos Ana Luiza no carro e do jeito que estávamos fomos para o Hospital. Chegando lá, enfatizei que estávamos aguardando o neurologista. Ficamos, Ana Luiza e eu, aguardando na enfermaria. Marcos ficou do lado de fora, pois somente um acompanhante estava autorizado a permanecer com o paciente.
Enquanto aguardávamos o médico, nossa advogada ligou e informou que já tinha conseguido a guarda provisória de Ana Luiza, mas que precisávamos comparecer ao Fórum, para assinar os termos de guarda e compromisso. Como fazer? Quem ficaria com Ana Luiza no hospital? Não temos família em Manaus. Mas quem tem amigos verdadeiros nunca está só.
Nesse momento, contamos com tio Felipe e tia Frida. Mas obviamente, o anjo da guarda de Ana Luiza também se prontificou a ficar com ela no Hospital e aguardar a avaliação do médico, enquanto iríamos até o Fórum.
Mas ainda havia um problema: Tínhamos pouco tempo para chegar até o Fórum e Marcos estava de roupa de dormir. Não teríamos tempo de voltar em casa, colocar uma calça (obrigatória) e ir até o gabinete do Juiz. Eis que tio Felipe surge com uma excelente ideia: Marcos vestiu uma calça do hospital e saímos em disparada até o Fórum.
Aguardamos por alguns minutos na sala do Juiz, e quando começamos a assinar os documentos, meu celular tocou. Era a Josely. Ela informava que Ana Luiza já havia sido avaliada pelo neurologista e infelizmente não poderia mais embarcar em avião comum. Ela apresentava sinais e sintomas de que a pressão intracraniana estava elevada e o risco dela sofrer uma parada cardiorrespiratória durante a viagem, em virtude do aumento de pressão, era muito grande. O médico foi taxativo: “Ela só sai de Manaus em UTI aérea”.
Eu tive uma crise de choro ali mesmo. Me deu um desespero absurdo. Desabei na mesa da assistente do Juiz. Marcos tentava me acalmar. Até a assistente do Juiz se comoveu... Eu não conseguia me controlar. Marcos, que também estava emocionado disse: “Calma, Carol. Tudo vai dar certo.” Enxuguei as lágrimas, respirei fundo e saímos correndo até o carro. Chegamos ao hospital e não existe adjetivo para o sentimento que tive na hora. Na verdade eu não consigo lembrar direito o que fiz ou pensei. Minha filha estava com a pressão intracraniana elevada (e aumentando) e nosso plano de saúde não cobria UTI aérea.
Enquanto aguardávamos os trâmites dentro do Hospital (ela ficaria na UTI sendo monitorada enquanto providenciávamos o avião), eu oscilava entre o desespero e a necessidade de me manter forte para resolver as coisas. Éramos somente Marcos e eu, os dois responsáveis por Ana Luiza. Precisávamos nos manter firmes e resolver a situação urgentemente.
Na verdade não resolvemos absolutamente nada sozinhos. Josely, Felipe, Frida, Ricardo, Rodrigo, Milena, Fabíola, Emerson, Leide, Mariza, Nelson, Amazônia, os familiares do Marcos em BH e uma dezena de pessoas, muitas delas desconhecidas, foram os que nos deram o primeiro auxílio, ligando para diversos locais, para diversas pessoas, tentando conseguir um avião. E o pior: Um avião que fizesse o trajeto sem escalas. Ela não poderia ser exposta a diferentes níveis de pressão, como aqueles que ocorrem nos pousos e decolagens.
Como dizer isso aos nossos pais? Como dizer para eles que Ana Luiza tinha ido dormir bem e que agora estava na UTI? Como dizer que inicialmente iríamos de TAM e que agora estávamos desesperados atrás de uma UTI aérea?
Era nossa obrigação falar a verdade. Toda ajuda agora, era importante. Ligamos para diversas empresas. Os preços variavam entre 140 mil e 94 mil reais. Em minha cabeça eu só pensava: “Por que isso está acontecendo com a gente , meu Deus? Me dá forças! Não me deixa desabar aqui! Ela precisa de mim!”
Eis que eu lembro de uma amiga, a Noemy. Na noite anterior, quando rapidamente ela apareceu no Empório Roma para me dar um abraço de despedida, ela colocou-se a disposição para nos ajudar no que fosse possível, pois o marido tinha alguns contatos no governo do Amazonas. Eu não poderia imaginar que nossas vidas se ligariam tão fortemente, como se ligaram nesse dia.
Liguei e pedi ajuda. Ela ficou de me ligar se conseguisse alguma coisa. Marcos, eu, nossas famílias, amigos, colegas e vários desconhecidos, tentavam nos ajudar. Quando ligávamos para alguma empresa que fazia transporte em UTI aérea, muitas vezes eles diziam: “É para uma criança chamada Ana Luiza, de Manaus? Já fizemos a cotação e passamos os valores para 'fulano'”.
Marcos já tinha a guarda provisória de Ana Luiza e poderia incluí-la no Plano de Saúde dele. Tínhamos esperanças de que o Plano dele cobrisse a UTI aérea. Chefes, gerentes, supervisores e diretores da empresa onde ele trabalha tentaram ajudar de todas as formas, mas infelizmente o Plano de Saúde também não cobria este custo. Mas em último caso, deixaram o valor da UTI disponível para empréstimo imediato, caso não conseguíssemos pagar o avião.
Mais tarde ficamos sabendo que alguém estava tentando (e conseguindo) um Jato UTI da Força Aérea Brasileira para fazer o transporte da Ana Luiza. Apesar de não ter sido o caso, ficamos extremamente emocionados com esse gesto de solidariedade, afinal não somos pessoas de muitos contatos em Manaus e, mesmo assim, várias pessoas desconhecidas tentaram de todas as formas nos ajudar.
Ana Luiza estava sendo remanejada do ambulatório do pronto socorro para a UTI. A equipe médica estava me explicando os procedimentos e apareceu um senhor, que identificou-se como sendo médico. Até hoje não consigo lembrar o nome dele. Ele nos cumprimentou, perguntou se eu era mãe de Ana Luiza. Aguardou a médica intensivista finalizar as explicações e pediu que ela o acompanhasse até o corredor.
Da leito da Ana Luiza, fiquei observando a conversa. Só consegui ouvir as duas primeiras perguntas dele: “Como está a criança? O que exatamente ela está apresentando no momento?” A porta se fechou e eu não consegui ouvir mais nada. Semanas depois, aqui em SP, eu descobri que tratava-se de um médico do governo do Amazonas, encarregado de avaliar a condição de Ana Luiza, para posterior aprovação do remanejamento via UTI aérea.
Durante todo o período da tarde, ficamos tentando, de alguma forma, conseguir este avião. Eu estava pronta para tirar todo o dinheiro das minhas aplicações e pagar o tal avião, mas Josely e Ricardo, médicos e amigos, conversaram com Marcos e foram enfáticos: “Não paguem o avião. Vocês precisarão de dinheiro para o tratamento, que é longo. Além disso ela precisará de assistência médica por toda a vida. Calma, que as coisas vão se resolver.”
Já caía a tarde quando recebi a ligação do marido da Noemy, dizendo: “Carol, sou eu, marido da Noemy. Ela me falou o que está acontecendo e gostaria de saber se você poderia ir comigo, conversar e explicar para algumas pessoas do governo o que está acontecendo. Talvez possamos conseguir o avião”.
Do jeito que eu estava (desarrumada, descabelada e sem tomar banho) saí da UTI, deixando Ana Luiza com a dinda Milena. Ao sair do hospital, conversei rapidamente com Ruy e Karina, grandes amigos que estava ali dando força e apoio. Ainda na porta de saída do hospital, vejo minha amiga Amazônia se aproximando com um sorriso no rosto: Ela havia conseguido as imagens da Tomografia feita há um ano atrás!! Que felicidade! Isso seria muito importante quando estivéssemos em São Paulo!
Entrei no carro do marido da Noemy. Nem lembro ao certo onde fomos, mas eu sei que já eram quase 18h e o trânsito estava terrível. Chegamos, ele me apresentou e, em 5 minutos de conversa, tudo foi resolvido. Comecei a chorar. Era o primeiro choro de alegria que eu teria desde o início desse pesadelo. Estava aliviada, porque conseguiríamos levar Ana Luiza até São Paulo. Liguei para todos que tentavam resolver a questão do avião, dando as boas notícias: Ela deveria embarcar no dia seguinte, no período da tarde.
Voltei para o hospital e a professora de Ana Luiza, a tia Amélia, estava lá, junto da tia Luciana. Com elas, uma caixa de cartinhas dos amigos de sala de Ana Luiza. Choramos juntas. Elas estava muito abaladas, sempre dizendo que Ana Luiza nunca havia reclamado de absolutamente nada dentro de sala de aula.
Também estavam lá alguns colegas de trabalho e superiores do Marcos: José Roberto, Keila (esposa do Flávio), Aldérica. Eles enfatizavam que Marcos fosse despreocupado para São Paulo e só retornasse quando as coisas estivessem resolvidas; que não se preocupasse com o emprego.
Enquanto conversávamos, Marcos me obrigou a comer alguma coisa antes de subir para a UTI. Eu já estava há quase 24h sem comer. Eu não tinha roupa para trocar após o banho (e me recusava em ir pra casa) mas a dinda Milena já tinha comprado escova de dentes, sabonete e xampu, para uma higiene básica. Foi a salvação. Ninguém estava suportando o meu fedor. Tomei banho no hospital mesmo. Coloquei a mesma roupa, mas pelo menos estava menos fedorenta.
Recebi a ligação de um casal de amigos: Simão e Rita. Eles estavam aflitos, mas precisavam saber se tudo estava bem. Me deram palavras de conforto e a todo momento repetiam: “Sua filha vai ser curada. Não duvide nunca.”
Fiquei na UTI com Ana Luiza durante toda a noite. A médica e a enfermeira que estavam cuidando de Ana Luiza conversaram muito comigo. Recebi abraços e orações destas duas pessoas, que me fizeram muito bem. Elas insistiram para que eu dormisse, afinal Ana Luiza precisaria de mim em pé e saudável. Era difícil, mais deitei ao lado dela, em uma poltrona.
Quando Ana Luiza caiu no sono, eu me ajoelhei aos pés do leito dela e implorei a Deus, como nunca havia implorado em minha vida. Chorando muito eu agradeci pelo avião, pela solidariedade das pessoas e principalmente pela vida da minha filha. Pedi forças. Pedi fé. Por fim, pedi a cura de Ana Luiza. Soluçando, implorei para que Ele tivesse misericórdia dos nossos pais e desse força para nossos irmãos, todos eles muito ligados a Ana Luiza.
Passei a noite em uma poltrona ao lado de Ana Luiza e a cada apito dos aparelhos de monitorização eu acordava sobressaltada. A noite foi longa e cansativa. Mas eu tinha mais a agradecer do que a pedir.
Eu precisaria muito dela, mas não em Manaus, não naquele momento. Ela tinha que entender isso e manter a calma. Mas eu entendia minha mãe. Ela me ajudou a cuidar da Ana Luiza quando ela ainda estava na minha barriga, era a avó elevada a décima potência.
Enquanto eu falava ao telefone, Marcos levantou da cama e ficamos conversando. Mostrei o atlas de anatomia pra ele, apontando a região afetada pelo tumor. Mostrei um site na internet, que falava do tal rabdomiossarcoma e que todos os sintomas, a idade, a localização levavam a crer que poderia, realmente, ser aquela doença tão agressiva. Desde aquele dia, eu decidi que não ia ler mais nada na internet. Eu tinha vontade, mas não tinha coragem.
Marcos e eu ainda tínhamos várias coisas para providenciar. Uma delas, dizia respeito a guarda da Ana Luiza. Muitos não sabem, mas o Marcos não é pai biológico de Ana Luiza. Aproximadamente em julho deste ano, Marcos e eu decidimos entrar com o pedido de guarda definitiva de Ana Luiza, além de solicitar a regularização de pensão. Estávamos aguardando essa iniciativa do pai biológico dela, desde junho de 2008, quando ele nos procurou em nossa residência.
Entrei em contato com nossa advogada super cedo. Liguei várias vezes. Fiquei até com vergonha, mas precisava falar com ela para saber o que fazer, afinal não tínhamos qualquer noção do que poderia acontecer em São Paulo. Se para a realização de algum procedimento específico, a equipe médica precisaria de alguma autorização de pai/mãe, ou se Marcos precisaria de algum tipo de procuração do pai biológico de Ana Luiza, ou qualquer coisa do tipo.
A advogada pediu que eu levasse os documentos (laudo/encaminhamento médico, passagens para São Paulo, etc) e que eu não me preocupasse que até o fim do dia, Marcos e eu estaríamos com a guarda da Ana Luiza.
Preocupada, ainda liguei para alguns amigos, na tentativa de pedir ajuda neste caso, mas todos foram unânimes: “Não se preocupe. Nenhum juiz, em sã consciência, deixaria de conceder a guarda neste caso.”
Saindo do escritório da advogada, uma grande amiga chamada Amazônia me liga. Chorei no telefone e ela viu meu desespero. Eu precisava ter calma. Foi quando lembrei, “do nada”, que um ano atrás, exatamente em agosto de 2009, Ana Luiza tinha tido uma hemorragia nasal na escola. A tia Luciana, professora dela, me ligou e fui buscá-la. Levei Ana Luiza até o Pronto-socorro e a médica plantonista disse que eu não me preocupasse, pois isso era comum na infância. Argumentei, dizendo que minha filha nunca havia tido aquilo antes, não estava resfriada e que eu só sairia do Hospital com um exame de imagem da cabeça. Ela, contrariada, solicitou uma tomografia computadorizada do crânio e da face de emergência. Fiquei mais de 6 horas no hospital aguardando o resultado dos exames e, finalmente quando saiu o resultado, me entregaram apenas o Laudo, que dizia que tudo estava normal. As imagens e o laudo seriam entregues na próxima semana.
Não fui buscar as imagens, obviamente. Mas lembrei deste episódio justamente naquela hora em que conversava com Amazônia e dei uma missão a ela: “Consiga essas imagens. Pelo amor de Deus, consiga essas imagens pra mim!”
Cheguei em casa, comentei com Marcos a questão da tomografia e, por acreditar que não teríamos tempo hábil para conseguir o termo de guarda, levando em conta a morosidade da Justiça, resolvi ligar para o pai biológico de Ana Luiza. Além dele ter o direito de saber o que estava acontecendo, naquele momento eu deveria voltar todos os meus esforços em benefício da saúde da minha filha. Se eu precisasse da ajuda dele, não me importaria em implorar por ajuda.
Por volta das 8h30min, liguei pra ele. Com a voz sonolenta, ele atendeu o telefone e eu comecei a explicar o que estava acontecendo. Disse que ainda não sabíamos o que ela tinha, mas que estávamos embarcando para São Paulo, para definir o diagnóstico e o tratamento. Enfatizei que talvez houvesse a necessidade de algum tipo de procuração, caso fosse exigido pelo Hospital, autorização de pai/mãe para alguma intervenção.
Ele apenas disse: “Vou passar o telefone para o meu pai”.
Repeti exatamente o que tinha dito anteriormente. O avô biológico ouviu tudo e disse: “Eu não estou entendendo... Mas me esclareça uma coisa, Carol, você ainda quer ir embora para o Canadá?!”
Aquilo foi um soco no meu estômago. Enquanto eu estava em frangalhos em virtude da saúde da minha filha, o avô biológico dela, me perguntava, com certo desdém, se eu ainda queria ir embora para o Canadá, se referindo a nosso sonho (hoje tornado impossível em virtude da doença), de fazer o processo de imigração para um país de primeiro mundo.
Aquilo me pareceu surreal. Enquanto eu falava de um assunto tão importante, o avô biológico da minha filha estava preocupado com um assunto tão irrelevante: Minha ida ou não para o Canadá.
E aqui preciso fazer um “mega parênteses” para tentar explicar resumidamente, um pouco da minha vida. Não que esse assunto seja importante agora, pois ele REALMENTE não é. Mas eu não imaginava que exatamente esse assunto, traria momentos de muita angústia, justamente no período mais desesperador de nossas vidas... Vocês vão entender melhor meu coração, se eu explicar:
Eu engravidei de Ana Luiza, aos 19 anos.
Exatamente em novembro de 2002 eu descobri que estava grávida de um ex-namorado. Esse namorado, conheci aos 17 anos, quando vim morar em Manaus. Ele já estava indo para o 2º ano da faculdade de Informática e eu, caloura, iniciava minha vida acadêmica.
Nosso namoro foi marcado por momentos emocionantes. Não exclusivamente bons, se é que vocês me entendem. Meus amigos da faculdade, inicialmente a Thâmysa, depois o Rodrigo e Milena (padrinhos de Ana Luiza) acompanharam vários destes momentos.
O namoro acabou, como boa parte dos namoros acabam: Tomei vários “chifres”. Perdoei. Tomei outros tantos. Fui humilhada na frente de amigos e mesmo vivendo um romance doentio, cheio de falta de amor próprio, resolvi aceitar o fim.
Eu me lembro perfeitamente, que em setembro de 2002, quando todo mundo falava do 1º ano do ataque terrorista às Torres Gêmeas, eu ainda me entristecia por ter sido tão menosprezada por alguém que eu tinha dado tanto amor.
Ao descobrir que estava grávida do ex-namorado, aquela pessoa que tinha me humilhado tanto durante os últimos anos, fui tomada de uma tristeza e um medo absurdo. Eu fiquei triste porque sabia que seria mãe solteira aos 20 anos, tinha certeza que as chances de eu ter uma vida profissional medíocre seriam infinitamente maiores, pois teria que abrir não de tudo em nome do filho que teria e tinha medo porque eu tinha plena certeza que seria mal interpretada, principalmente por ele, o pai.
Eu ainda gostava do tal ex-namorado quando engravidei dele? Eu achava que sim. Ele pensou que eu engravidei de propósito? Ele tinha certeza que sim.
A gravidez foi difícil. Eu ainda mendigava o amor dele, mesmo ele tendo deixado muito claro, em alto e bom som que não aceitava aquela gravidez. Rodrigo e Milena presenciaram o dia em que ele soube da gravidez e imediatamente disse: “Você não pode ter esse filho! Eu sou muito novo e você também. Isso vai acabar com minha vida. Você não pode ter esse filho”, ele repetia.
Eu não sei se ele lembra disso, mas o fato é que quem bate, esquece. Mas quem apanha, nunca esquece. E nesse dia, eu não ouvi isso sozinha. Éramos 4 pessoas ouvindo: Eu, Rodrigo, Milena e Ana Luiza, ainda na minha barriga. Ela tinha apenas 4 semanas de vida embrionária, mas ela já existia. Isso é fato.
Ana Luiza nasceu em julho de 2003 e o pai biológico tinha coisas mais importantes para fazer: Regularizar o serviço militar obrigatório dele, em Boa Vista-RR. Ele deixou claro que não poderia estar presente. Nem ele, nem ninguém da família dele. Apesar de ter 2 irmãs (uma delas, também mãe solteira) e os pais gozarem de plena saúde, não estiveram na maternidade. Não reivindicaram o lugar que sempre fora deles: o de avôs paternos de uma criança que não havia sido planejada. A segunda neta não planejada, diga-se de passagem.
Registrei Ana Luiza sozinha, como filha de “pai desconhecido”, para não perder o plano de saúde dela. Ana Luiza nasceu com refluxo gastroesofágico e precisava de cuidados médicos. Após 2 meses do nascimento, quando todas as prioridades haviam sido resolvidas, o pai biológico dela veio a Manaus para registrá-la. Eu me lembro que algumas pessoas comentaram que eu era muito “desesperada”. Que deveria ter esperado, pois ficar sem plano de saúde por alguns dias não era um problema... Sei...
Os anos foram passando. Eu me formei, logo em seguida comecei a trabalhar. Isso já era, por si só, motivo de grande felicidade: Eu conseguiria sustentar, pelo menos em parte, os gastos de minha filha. Meus pais foram fundamentais nesse período, pois sempre me auxiliaram, seja dando o suporte financeiro, seja dando o suporte emocional. Em determinada época, o pai biológico dela, comprometeu-se em pagar o plano de saúde; deixou atrasar 2 meses e depois, quando questionado, disse que plano de saúde era bobagem! Me enviou um e-mail afirmando que muitas pessoas viviam muito bem sem plano de saúde. Ainda bem que esta doença maligna, veio alguns anos depois, quando ela já tinha um bom plano de saúde, pago pela empresa onde trabalho. Cada aplicação de quimioterapia varia entre 10 e 15 mil reais. Mas muita gente vive sem plano de saúde... Sei...
Em setembro de 2005 conheci Marcos e nossas vidas mudaram. Talvez eu fale sobre isso um dia. Mas o fato é NOSSAS vidas mudaram mesmo. A minha, a dele e principalmente de Ana Luiza. Um dia ela perguntou pra mim: “Mamãe, posso chamar ele de papai ao invés de Marcos?”
Ela já tinha escolhido um papai. E eu tinha encontrado uma pessoa maravilhosa, cheia de defeitos, claro. Mas com virtudes que sempre superaram os defeitos. Hombridade, honestidade, respeito e dignidade.
Casamos em 2007 e Ana Luiza nunca foi enteada. Sempre foi filha, neta e sobrinha. Sempre foi uma criança extremamente amada pela família do Marcos, como se “de sangue” realmente fosse.
Durante todos estes anos, ouvi calada alguns comentários extremamente maldosos de pessoas de Boa Vista, que pouco sabiam da minha vida, mas que aceitavam essas “histórias” como uma boa justificativa para a ausência da família biológica, que durava anos.
Fui “acusada” de ser várias coisas. No início, fui acusada de ter tentado aplicar um “golpe da barriga”. Depois fui acusada, de ter “me aproveitado” de um cara que estava bêbado. Algum tempo depois, chegou aos meus ouvidos que eu “proibia” a família do pai biológico e o próprio de terem contato com Ana Luiza.
Ao ouvir todos esses comentários eu sentia muita tristeza. Muita mesmo. Durante anos, tive que conviver com os mais terríveis boatos, que denegriam não somente a mim, mas a minha família também. Como alguém pode inventar tantas histórias absurdas, para fugir da própria responsabilidade? Eu não entendo, mas aceito as decisões de cada um. As pessoas são livres para plantar o que quiserem. Mas a colheita é obrigatória. Eu já tinha tomado minha decisão. Minha prioridade era: Viver minha vida de maneira decente e fazer o melhor por minha filha.
Em junho de 2008, faltando poucas semanas para o aniversário de 5 anos de Ana Luiza, o pai biológico nos procurou em nossa residência. Naquela ocasião afirmava, dentre outras coisas, que gostaria de ter um relacionamento com a filha. Ele admitiu que foram anos de abandono, mas que agora, ele tinha condições de assumir a responsabilidade financeira que nunca teve anteriormente. Ele queria ter um relacionamento com a filha. Nada mais justo. Marcos e eu, ouvimos tudo que ele tinha a dizer e pedimos que ele regularizasse essa questão na Justiça. Tudo que eu exigisse, ou que ele determinasse poderia ser mal interpretado, como sempre foi. Ele saiu de nossa casa, depois de entregar uma mala de presentes para Ana Luiza e de tirar várias fotos com ela. Todos nós sabemos que a Justiça da Família anda rápido, ainda mais quando um pai decide, por conta própria, começar a pagar pensão e regularizar visitas. Entretanto, 2 longos anos se passarem sem sequer um telefonema de feliz aniversário, feliz natal, feliz dia das crianças, ou pelo menos um “oi”. Tentamos, em junho de 2010, que ele desse a guarda por livre e espontânea vontade. Mas foi uma tentativa frustrada.
Enfim, adivinhem qual foi o exato momento em que recebemos um oficial de justiça em nossa casa, dando conhecimento da audiência para tratar deste assunto?
Voltemos ao dia 22 de Setembro de 2010.
Eu acabava de explicar ao avô biológico de Ana Luiza, sobre nossa imensa vontade de ir morar no Canadá, do desejo de levar Ana Luiza até a Disney, de viajar com ela por todo o mundo, mas que naquele momento o que mais nos preocupava era a saúde dela. Enquanto explicava tudo isso, tentando não ficar chateada, eu olho em direção a minha casa e vejo uma pessoa na porta, conversando com Marcos e com Dona Francisca. Ele acena e pede que eu venha ao encontro deles.
Me despeço e desligo o telefone rapidamente, pedindo que ele entrasse em contato com meus pais, ou que me telefonasse a qualquer momento para esclarecer dúvidas ou até mesmo para saber notícias de Ana Luiza.
Quando me aproximo deles, noto que tratava-se de um Oficial de Justiça, entregando um documento que informava sobre uma audiência no dia 15 de Outubro de 2010, para tratar sobre a regularização de visitas e alimentos em favor de Ana Luiza.
O pai biológico resolveu fazer o que há 2 anos disse que faria: Regularizar a situação judicialmente, tal qual nós havíamos acertado. O que me deixou boquiaberta foram os termos e argumentos utilizados na petição. Mas isso não é assunto para este blog. Marcos e eu nos manifestaremos sobre isso na justiça e a verdade prevalecerá. Não tenho medo de encarar a verdade, mas conheço pessoas que não a toleram.
Parei e comentei com Marcos: “Tanta coisa para eu me preocupar agora, coisas infinitamente mais importantes e me aparece mais isso para resolver. Foram necessários 7 anos, 2 meses e 3 dias, para que o “básico” fosse providenciado e justamente no momento mais difícil da minha vida, ainda tinha que perder tempo com um assunto tão banal, diante do problema de saúde de Ana Luiza”.
Liguei para a advogada imediatamente, ela pediu que entregássemos os documentos e disse para eu ocupar minha cabeça com o que realmente importava: Ana Luiza. E foi exatamente isso que fiz. Quando nos preparávamos para ir novamente até o escritório da advogada, Ana Luiza acordou.
Vi que ela acordou sonolenta. Pedi que Tia Frida e Dona Francisca ficassem exatamente ao lado dela por alguns minutos enquanto eu e Marcos deixávamos os documentos com a advogada. Quando retornamos notei que ela estava totalmente diferente da criança que havia dormido no dia anterior: Estava totalmente indisposta e sonolenta.
Assim que fui dar os remédios receitados, ela começou a vomitar e não parou mais. Desesperada, liguei para o anjo da guarda, Tia Josely. Ela entrou em contato com o Neurologista que pediu para nos dirigirmos até o Pronto-socorro, pois ele precisaria avaliá-la. Ali começou uma correria que só teve fim às 18h do dia seguinte. Foram momentos de verdadeiro pânico.
Colocamos Ana Luiza no carro e do jeito que estávamos fomos para o Hospital. Chegando lá, enfatizei que estávamos aguardando o neurologista. Ficamos, Ana Luiza e eu, aguardando na enfermaria. Marcos ficou do lado de fora, pois somente um acompanhante estava autorizado a permanecer com o paciente.
Enquanto aguardávamos o médico, nossa advogada ligou e informou que já tinha conseguido a guarda provisória de Ana Luiza, mas que precisávamos comparecer ao Fórum, para assinar os termos de guarda e compromisso. Como fazer? Quem ficaria com Ana Luiza no hospital? Não temos família em Manaus. Mas quem tem amigos verdadeiros nunca está só.
Nesse momento, contamos com tio Felipe e tia Frida. Mas obviamente, o anjo da guarda de Ana Luiza também se prontificou a ficar com ela no Hospital e aguardar a avaliação do médico, enquanto iríamos até o Fórum.
Mas ainda havia um problema: Tínhamos pouco tempo para chegar até o Fórum e Marcos estava de roupa de dormir. Não teríamos tempo de voltar em casa, colocar uma calça (obrigatória) e ir até o gabinete do Juiz. Eis que tio Felipe surge com uma excelente ideia: Marcos vestiu uma calça do hospital e saímos em disparada até o Fórum.
Aguardamos por alguns minutos na sala do Juiz, e quando começamos a assinar os documentos, meu celular tocou. Era a Josely. Ela informava que Ana Luiza já havia sido avaliada pelo neurologista e infelizmente não poderia mais embarcar em avião comum. Ela apresentava sinais e sintomas de que a pressão intracraniana estava elevada e o risco dela sofrer uma parada cardiorrespiratória durante a viagem, em virtude do aumento de pressão, era muito grande. O médico foi taxativo: “Ela só sai de Manaus em UTI aérea”.
Eu tive uma crise de choro ali mesmo. Me deu um desespero absurdo. Desabei na mesa da assistente do Juiz. Marcos tentava me acalmar. Até a assistente do Juiz se comoveu... Eu não conseguia me controlar. Marcos, que também estava emocionado disse: “Calma, Carol. Tudo vai dar certo.” Enxuguei as lágrimas, respirei fundo e saímos correndo até o carro. Chegamos ao hospital e não existe adjetivo para o sentimento que tive na hora. Na verdade eu não consigo lembrar direito o que fiz ou pensei. Minha filha estava com a pressão intracraniana elevada (e aumentando) e nosso plano de saúde não cobria UTI aérea.
Enquanto aguardávamos os trâmites dentro do Hospital (ela ficaria na UTI sendo monitorada enquanto providenciávamos o avião), eu oscilava entre o desespero e a necessidade de me manter forte para resolver as coisas. Éramos somente Marcos e eu, os dois responsáveis por Ana Luiza. Precisávamos nos manter firmes e resolver a situação urgentemente.
Na verdade não resolvemos absolutamente nada sozinhos. Josely, Felipe, Frida, Ricardo, Rodrigo, Milena, Fabíola, Emerson, Leide, Mariza, Nelson, Amazônia, os familiares do Marcos em BH e uma dezena de pessoas, muitas delas desconhecidas, foram os que nos deram o primeiro auxílio, ligando para diversos locais, para diversas pessoas, tentando conseguir um avião. E o pior: Um avião que fizesse o trajeto sem escalas. Ela não poderia ser exposta a diferentes níveis de pressão, como aqueles que ocorrem nos pousos e decolagens.
Como dizer isso aos nossos pais? Como dizer para eles que Ana Luiza tinha ido dormir bem e que agora estava na UTI? Como dizer que inicialmente iríamos de TAM e que agora estávamos desesperados atrás de uma UTI aérea?
Era nossa obrigação falar a verdade. Toda ajuda agora, era importante. Ligamos para diversas empresas. Os preços variavam entre 140 mil e 94 mil reais. Em minha cabeça eu só pensava: “Por que isso está acontecendo com a gente , meu Deus? Me dá forças! Não me deixa desabar aqui! Ela precisa de mim!”
Eis que eu lembro de uma amiga, a Noemy. Na noite anterior, quando rapidamente ela apareceu no Empório Roma para me dar um abraço de despedida, ela colocou-se a disposição para nos ajudar no que fosse possível, pois o marido tinha alguns contatos no governo do Amazonas. Eu não poderia imaginar que nossas vidas se ligariam tão fortemente, como se ligaram nesse dia.
Liguei e pedi ajuda. Ela ficou de me ligar se conseguisse alguma coisa. Marcos, eu, nossas famílias, amigos, colegas e vários desconhecidos, tentavam nos ajudar. Quando ligávamos para alguma empresa que fazia transporte em UTI aérea, muitas vezes eles diziam: “É para uma criança chamada Ana Luiza, de Manaus? Já fizemos a cotação e passamos os valores para 'fulano'”.
Marcos já tinha a guarda provisória de Ana Luiza e poderia incluí-la no Plano de Saúde dele. Tínhamos esperanças de que o Plano dele cobrisse a UTI aérea. Chefes, gerentes, supervisores e diretores da empresa onde ele trabalha tentaram ajudar de todas as formas, mas infelizmente o Plano de Saúde também não cobria este custo. Mas em último caso, deixaram o valor da UTI disponível para empréstimo imediato, caso não conseguíssemos pagar o avião.
Mais tarde ficamos sabendo que alguém estava tentando (e conseguindo) um Jato UTI da Força Aérea Brasileira para fazer o transporte da Ana Luiza. Apesar de não ter sido o caso, ficamos extremamente emocionados com esse gesto de solidariedade, afinal não somos pessoas de muitos contatos em Manaus e, mesmo assim, várias pessoas desconhecidas tentaram de todas as formas nos ajudar.
Ana Luiza estava sendo remanejada do ambulatório do pronto socorro para a UTI. A equipe médica estava me explicando os procedimentos e apareceu um senhor, que identificou-se como sendo médico. Até hoje não consigo lembrar o nome dele. Ele nos cumprimentou, perguntou se eu era mãe de Ana Luiza. Aguardou a médica intensivista finalizar as explicações e pediu que ela o acompanhasse até o corredor.
Da leito da Ana Luiza, fiquei observando a conversa. Só consegui ouvir as duas primeiras perguntas dele: “Como está a criança? O que exatamente ela está apresentando no momento?” A porta se fechou e eu não consegui ouvir mais nada. Semanas depois, aqui em SP, eu descobri que tratava-se de um médico do governo do Amazonas, encarregado de avaliar a condição de Ana Luiza, para posterior aprovação do remanejamento via UTI aérea.
Durante todo o período da tarde, ficamos tentando, de alguma forma, conseguir este avião. Eu estava pronta para tirar todo o dinheiro das minhas aplicações e pagar o tal avião, mas Josely e Ricardo, médicos e amigos, conversaram com Marcos e foram enfáticos: “Não paguem o avião. Vocês precisarão de dinheiro para o tratamento, que é longo. Além disso ela precisará de assistência médica por toda a vida. Calma, que as coisas vão se resolver.”
Já caía a tarde quando recebi a ligação do marido da Noemy, dizendo: “Carol, sou eu, marido da Noemy. Ela me falou o que está acontecendo e gostaria de saber se você poderia ir comigo, conversar e explicar para algumas pessoas do governo o que está acontecendo. Talvez possamos conseguir o avião”.
Do jeito que eu estava (desarrumada, descabelada e sem tomar banho) saí da UTI, deixando Ana Luiza com a dinda Milena. Ao sair do hospital, conversei rapidamente com Ruy e Karina, grandes amigos que estava ali dando força e apoio. Ainda na porta de saída do hospital, vejo minha amiga Amazônia se aproximando com um sorriso no rosto: Ela havia conseguido as imagens da Tomografia feita há um ano atrás!! Que felicidade! Isso seria muito importante quando estivéssemos em São Paulo!
Entrei no carro do marido da Noemy. Nem lembro ao certo onde fomos, mas eu sei que já eram quase 18h e o trânsito estava terrível. Chegamos, ele me apresentou e, em 5 minutos de conversa, tudo foi resolvido. Comecei a chorar. Era o primeiro choro de alegria que eu teria desde o início desse pesadelo. Estava aliviada, porque conseguiríamos levar Ana Luiza até São Paulo. Liguei para todos que tentavam resolver a questão do avião, dando as boas notícias: Ela deveria embarcar no dia seguinte, no período da tarde.
Voltei para o hospital e a professora de Ana Luiza, a tia Amélia, estava lá, junto da tia Luciana. Com elas, uma caixa de cartinhas dos amigos de sala de Ana Luiza. Choramos juntas. Elas estava muito abaladas, sempre dizendo que Ana Luiza nunca havia reclamado de absolutamente nada dentro de sala de aula.
Também estavam lá alguns colegas de trabalho e superiores do Marcos: José Roberto, Keila (esposa do Flávio), Aldérica. Eles enfatizavam que Marcos fosse despreocupado para São Paulo e só retornasse quando as coisas estivessem resolvidas; que não se preocupasse com o emprego.
Enquanto conversávamos, Marcos me obrigou a comer alguma coisa antes de subir para a UTI. Eu já estava há quase 24h sem comer. Eu não tinha roupa para trocar após o banho (e me recusava em ir pra casa) mas a dinda Milena já tinha comprado escova de dentes, sabonete e xampu, para uma higiene básica. Foi a salvação. Ninguém estava suportando o meu fedor. Tomei banho no hospital mesmo. Coloquei a mesma roupa, mas pelo menos estava menos fedorenta.
Recebi a ligação de um casal de amigos: Simão e Rita. Eles estavam aflitos, mas precisavam saber se tudo estava bem. Me deram palavras de conforto e a todo momento repetiam: “Sua filha vai ser curada. Não duvide nunca.”
Fiquei na UTI com Ana Luiza durante toda a noite. A médica e a enfermeira que estavam cuidando de Ana Luiza conversaram muito comigo. Recebi abraços e orações destas duas pessoas, que me fizeram muito bem. Elas insistiram para que eu dormisse, afinal Ana Luiza precisaria de mim em pé e saudável. Era difícil, mais deitei ao lado dela, em uma poltrona.
Quando Ana Luiza caiu no sono, eu me ajoelhei aos pés do leito dela e implorei a Deus, como nunca havia implorado em minha vida. Chorando muito eu agradeci pelo avião, pela solidariedade das pessoas e principalmente pela vida da minha filha. Pedi forças. Pedi fé. Por fim, pedi a cura de Ana Luiza. Soluçando, implorei para que Ele tivesse misericórdia dos nossos pais e desse força para nossos irmãos, todos eles muito ligados a Ana Luiza.
Passei a noite em uma poltrona ao lado de Ana Luiza e a cada apito dos aparelhos de monitorização eu acordava sobressaltada. A noite foi longa e cansativa. Mas eu tinha mais a agradecer do que a pedir.
Me lembrei de quando você me sugeriu que eu lesse "A Arte da Guerra" pra batalha que estaria por vir em minha vida e vendo tudo que você tá passando, com todos os desafios e obstáculos do caminho de vocês pra vitória eu fico imaginando que qualquer guerra que eu pudesse me imaginar não seria tão grandiosa.
ResponderExcluirCada dia mais tenho certeza do final feliz dessa história! :)
Beijos
Carol, eu já era sua fã, agora então!! Parabéns pela força..
ResponderExcluirA GRAÇA já está dada, agora é só esperar ela chegar até a gente.
Ana Luiza é uma guerreira como você. Conte comigo, mesmo longe.
Estou rezando e torcendo, vcs estão sempre no meu coração.
Bom... é...
ResponderExcluirsei nem como começar isso...
cheguei no seu blog indicado por uma amiga, meu nome eh Gustavo, 22 anos, morando em manaus a 4 meses e acima de tudo um PAI que morre de saudade do filho que ficou no Rio de Janeiro com a mãe.
Vou apenas exaltar a vontade de viver, sua e da pequena Ana, não tenho muita coisa pra oferecer, além do meu apoio e minhas orações pra que tudo dê certo.
Carol,
ResponderExcluirme emociono todos os dias com essa historia. Como ja te disse, vcs sao exemplo vivo de luta, e de muita fe. Estou em constante oraçao por vcs daqui, e mesmo longe, saibam que podem contar comigo! Ana Luiza sera curada Carol, continue com fe! Vc nao esta so nessa corrente!
Carol,
ResponderExcluirMesmo sem nos conhecermos sinto um carinho enorme pela família e rezo com muita fé por Ana todos os dias...Como mãe sinto a um pouco da sua dor a cada post, tento me controlar pra nao deixar nenhum comentário mas não consigo...Cada dia te desejo mais fe e rogo a Deus que de mais força para você e para o Papai Marcos...Fiquem em paz!
Beijos,
Maíra Venzo
Carol, fiquei sem fôlego lendo o ocorrido nesse dia, porque participamos de todos os momentos, exceto o tempo que vcs passaram na Uti. Como falei a você no momento em que suplicou ao meu lado: "Meus Deus, não quero perder minha filha!!" Tentei mostrar para você como Deus estava na frente de tudo, todas as dificuldades burocráticas estavam sendo resolvidas de uma maneira sobrenatural.. ninguém na própria força conseguiria. Lembre disso: "Quando Deus abre uma porta, NINGUÉM fecha" e Ele abriu a porta da cura da Ana Luíza! Estamos juntos nessa!
ResponderExcluirCarol, como disse a moça ai ja era sua fã..
ResponderExcluirHoje lendo toda essa sua luta, passo a ser mais ainda, te admirar como pessoa e profissional.
Nessas horas a unica palavra que vem a cabeça e FORÇA e isso vc, o marcos e a ana luisa já tem e muito.
Fiquem com Deus, Ele sempre está com vcs ;*
Lúcia
Carol, fiquei sabendo do seu blog através de amigos em comum, pelo twitter.
ResponderExcluirConfesso que chorei com cada palavra que você escreveu. Também sou mãe e tentei me colocar no seu lugar, mas não consigo ao menos imaginar minha família passando por isso.
Tenha certeza de uma coisa: Deus está no controle. Ele NUNCA, JAMAIS nos dá um fardo maior do que podemos carregar. Continue sendo essa pessoa lutadora, otimista e tudo vai se clarear. Tenho muita, muita fé que um dia abrirei esse blog e ficarei muito feliz ao saber que a cura da Ana Luiza foi constatada. Fé, Carol. Força à você e ao Marcos. Estarei orando incessantemente por todos vocês. Beijos carinhosos.
Carol,
ResponderExcluirsou mãe do João Pedro que estudou com a Ana na 1 série...como vc mesmo sabe eles sempre se deram muito bem e nesse momento difícil fique sabendo que rezamos sempre por ela...
Quando estou no computador o João já pergunta como está a Ana Luiza...
Mande muitos beijos pra ela!
Permaneça na FÉ!
Liliane e família.
Que Deus abençoe Ana Luiza e toda sua família. Em breve ela estará curada. Força, vcs estarão em todas as minhas orações.
ResponderExcluirToda vez que leio os posts não consigo segurar as lágrimas, estamos orando por vocês!
ResponderExcluirbeijos
Mariana e Rodrigo
Querida e doce Carol,
ResponderExcluirNem sei se lembrará de mim... Fui namorada do Daniel (educador físico), que trabalhou com você na Petrobrás. E a conhecia também dos corredores da UNL. Enfim... Tálita postou em corrente do bem no Facebook endereçando seu blog, entrei e me dei conta do abismo de tempo que não nos falamos!
Agora você arrumou mais uma mente para bradar ao Universo e a Deus a sua vontade de que a pequena grande Ana Luiza saia bem deste espiral!
Muita saúde Carol, hoje e sempre para você, Carol e Marcos!
Abraço apertado!
Carol,
ResponderExcluirTambém sou Carol, também mãe e também de uma menina. Lendo seus posts pude imaginar o seu sofrimento e desespero.
É confortante saber como o ser humano é solidário em momentos assim. Que Deus continue te enviando pessoas iluminadas para te ajudar pelo caminho.
Tenho certeza que o Anjo da Guarda de sua filha está do lado dela e por isso acredite e tenha fé! Não deixe de compartilhar seus sentimentos por aqui para que possamos continuar vivenciando seus dias e passar vibrações positivas.
Um Abraço carinhoso!
Carol!
ResponderExcluircheguei aqui pela indicação no twi... mas nao lembro de quem, rs
estou emocionada com td, Deus é bom e toda tentativa é certa!
moro em Campina/SP e se precisar de algo aqui por perto, por favor... entre em contato!
bj
da Li
Desde ontem sem saber o que falar.... mas com a certeza de que nosso bom Deus está cuidando de TODOS os detalhes.
ResponderExcluirVocês são muito especiais e tem feito muita diferença a vida de vocês.
Estou em oração e vigília constante.
DEUS ESTÁ CUIDANDO DA ANA LUIZA!
beijos no coração!
Como muitos que postaram os comentarios, cheguei ao seu blog por indicação do twitter e confesso que estou enormemente emocionada e feliz por ver a grande guerreira que és, não só você, Marcos e Ana Luiza também, saiba que Deus está sempre conosco nas nossas maiores atribulações e que não nos abandona NUNCA, continue na força e na fé de Deus que Ele tudo provém, essa luta será vencida pode acreditar!
ResponderExcluirCarol, só posso pedir a você que tenha muita fé. Deus nunca nos abandona nas horas em que mais necessitamos. Ana Luiza ficará bem, pode ter certeza. Estamos todos torcendo! abs,
ResponderExcluirOlá, tenho acompanhado essa luta da Ana, não conheço vocês, mas faço orações por ela. Vão conseguir com toda certeza tenha fé, o importante é que vejo pelo seu texto é que você sempre agradece por tudo, deve ter suas horas de angústia sem dúvida, mas os "anjos", espiritos protetores que lhe protegem vão lhe auxiliar naquilo que é melhor. Lembre-se tudo é providencial e nada esta fora dos olhos de Deus.
ResponderExcluirCarol, cheguei a vc por indicações e pedidos de oração para Ana Luiza. Me emocionei com seus depoimentos e só quem é mãe sabe dimensionar sue momento. Minha querida, vc já é uma vitoriosa e Ana Luiza um ser muito especial, merecedor de todo carinho, amor, oração dos que ouviram falar dela.Pense e cale fundo no seu coração: Deus é onipresente...ele tudo sabe! Nãoo dá nada além do que seus filhos possam suportar. Vc e Ana já são merecedoras do carinho e amor de tantas pessoas...pense nisso!
ResponderExcluirA cura de sua amada filha será dada no momento certo. Fique com Deus, ame sua Ana eternamente - ela é um presente de Deus na sua vida.
Força, querida...fé...amor...todos por ANA LUIZA!
Um beijo no seu lindo coração. E obrigada as duas (vc e Ana) por nos lembrar de sermos..apenas humanos, mas sempre humanos!
Carol e Marcos.
ResponderExcluirCada dia aprendemos a admirá-los mais!!
Temos certeza de que Deus está agindo todos os dias nas suas vidas, trazendo a alegria e a vontade de viver para Ana Luiza e a força e fé que vocês têm demonstrado, mesmo vivendo esse turbilhão de emoções.
Grande abraço
Aqui no ambulatório estamos na corrente pela Ana Luiza,Deus faz milagres e ele já tá mostrando isso... Ass.Deyse
ResponderExcluirCarol,
ResponderExcluirAcho que vc não membra de mim. Lembro de vc e da Ana Luiza na festa de aniversário da Eliane, há dois anos...
Sou antiga amiga do Marcelo. E, a partir desta forte amizade, a minha família e a dele se tornaram amigas.
Recentemente encontrei com Eliane e Seu Clóvis e eles me contaram o que vocês estão vivendo. Fiquei e estou profundamente sensibilizada com o que está acontecendo com a Ana Luiza. Rezo todas as noites para sua filhinha e para você e o Marcos terem força e serenidade para enfrentar este imenso desafio.
Receba aqui meu abraço amigo e solidário para você e o Marcos e um beijo muito especial para sua filhinha.
Podem contar com meu apoio e amizade e também da minha família, especialmente minha mãe (Maria Célia), que é amiga de Eliane.
Um forte abraço,
Aline e Maria Célia
Você é uma pessoa abençoada e iluminada se mostrando muito guerreira diante desse problema mas nunca se esqueça que Deus e todos nós mesmo não conhecendo vcs estamos ao teu lado tbm já estou vendo um final feliz nessa história.... mesmo de longe a única ajuda que posso oferecer são orações para todos e continuem com essa força!!!!!! Muita luz
ResponderExcluirCarol,
ResponderExcluirO que eu vou escrever aqui acredito que todos já disseram nos posts acima: estou em lágrimas!!! O contato que tivemos foi pouco mas confesso que nesse exato momento, tudo que eu queria era estar perto de vcs e de alguma forma poder ajudar. Saiba que se por acaso vcs precisarem de alguma coisa que eu puder fazer, saiba que farei. Por enquanto estou mandando muita força e orações para vcs. Vc é uma pessoa muito iluminada. Fico sem imaginar como é difícil para vcs e para vc como mãe escrever tudo que está escrevendo. A cada dia que leio me emociono mais. Com certeza, daqui um tempo, estaremos lendo os seus relatos da vitória da Ana. E da vitória de vcs tb que como pais estão sendo espetaculares. Bjus no coração de vcs três e a todos que os ajudaram no momento mais difícil.
Carol,
ResponderExcluirComo você escreveu Ana Luiza, a minha Princesa, sempre foi e será sobrinha, principalmente com o "que ódio" que ela falou quando voltamos do shopping e ela viu o Bê no portão esperando pela "família" dele. Ela me conquistou ali. Outro dia estava me lembrando do dia do casamento que tirei o vestido de festa dela para que ela pudesse brincar com as outras crianças e você fez cara feia. Tia estraga mesmo, não é?
Amo vocês demais. Pena ainda não podermos ficar juntas. Assim que possível voltarei para visitar.
Estou longe mas com o pensamento em vocês. Bjs. Andréa
Carol, cheguei ao seu blog através do twitter. Eu soube "por alto" (como tudo em Boa Vista) do seu drama, nós não nos conhecemos, e no mesmo dia que soube do que estava acontecendo (em outubro) orei por sua filha e pela sua família e hoje vou orar ainda mais, para que Deus proteja o caminho de vcs sempre!
ResponderExcluirEu não sou mãe, mas e é impossível não chorar com a narração do seu post.
Que Deus abençoe vcs e iluminem os seus caminhos.
Também estou na torçida pena Ana Luiza.
Vc é uma guerreira e vitoriosa!
bjs
Carol, cheguei ao seu blog por indicação de minha amiga, eu conheci você e a linda Ana Luíza numa fazenda em Boa Vista, me comovi com o pesadelo que vocês estão passando quando soube, mas não tinha idéia da imensidão. Hoje sou mãe de uma menininha linda, chamada Alice Maria, e sei do sentimento de proteção com a nossa bonequinha.
ResponderExcluirEstou na torcida para que você, sua família e a Guerreira Ana Luíza sejam vitoriosas. Fé em Deus!!!
Que os anjos os abençoe sempre!!!
beiojs
Carolina, meu nome é Fernanda meu marido encontrou seu blog(por isso estou no perfil dele), pq nossa vida é procurar por pessoas que passam pelo mesmo problema que o nosso. Lendo até aqui, fiquei pasma como sua história e seus relatos se parecem com o que está acontecendo conosco! Impressionante os detalhes! Minha filha tem 3 anos e os primeiros sintomas do tumor que ela "tinha" no cérebro foram os mesmos da Ana Luisa, suas reações em relação aos acontecimentos foram as mesmas que as minhas.....Tb tenho um Blog e quero compartilhar com vc td o que passamos e como as coisas estão indo bem! Tenho certeza que td dará certo para a sua filhinha.....Costumo dizer que ter FÉ é ter CERTEZA! um beijo . www.nossalutacontraocancer.blogspot.com
ResponderExcluirnão tenho palavras, mal consigo digitar. continuarei a ler. força, sempre.
ResponderExcluiremail: jack-sampaio@hotmail.com
twitter: @jacksampaio
Amada Carol,
ResponderExcluirO maior conforto nisso tudo é saber que Deus esta contigo e carregando a pequena Ana luiza no colo. Estaremos contigo em pensamento e oração...e ao Marcos, quero lhe dizer que sua alma é maravilhosa por estar ao lado da Carol...força vcs não estao só.
e-mail:taticastro_manaus@hotmail.com
Bjusssss
Carol eu cheguei ao seu blog através do gogle.quero que saiba que vou ficar orando por vc,olha!! Deus te ama muito viu? nunca esqueça disso...e que ele é a sua fortaleza..beijo minha linda...conte com as minhas orações...de sua irmã em cristo,ANA PAULA RODRIGUES...DE FORTALEZA CEARÁ
ResponderExcluirOi Carol, ontem eu visitava o blog de uma amiga virtual, qdo vi que ela te seguia, resolvi entrar para conhecer, vi as fotos que vc postou ao lado do blog e comecei a ver a sequencia de Ana Luiza, então resolvi ler o que acontecia, tudo tão rápido pelas fotos... Confesso que não costumo ler posts muito extensos, mas ontem quase que não vou embora do trabalho por não conseguir parar de ler seu relato emocionado de luta pela vida de sua filha. Fiquei emocionada em vários momentos, pela sua garra e coragem, mas tbém sei que vc teve momentos de muito pânico, ñ tenho filhos, mas imagino sua dor e preocupação. Vou continuar lendo a sequencia dos seus posts, vou colocá-las em minhas ORAÇÕES, e vou acompanhá-las de agora e sempre... Só não estarei te seguindo por enquanto, pq os seguidores estão com problemas mas já estou linkando seu blog ao meu. Muita paz, SAÚDE, esperança, FÉ,DEUS está com vcs!!! bjos,
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