É lógico que Ana Luiza acordou lembrando da promessa: O pernalonga de pelúcia, se ela se comportasse bem durante as consultas e exames.
Ela estava ótima. Bem humorada, carinhosa e, obviamente, ansiosa pra ganhar o amigo Pernalonga. O olho esquerdo estava cada vez pior. Mas eu estava muito otimista para ficar pensando nisso. Passei a noite entre cochilos sobressaltados e orações. Acordava no meio da madrugada, olhava pra ela e colocava minha mão sobre sua cabecinha. Algumas vezes beijava de mansinho, como quem beija um dodói, para passar a dor. Quem é pai/mãe sabe do que estou falando. Quem é filho, também sabe.
Saímos de casa por volta das 9h30min, passamos no posto de gasolina para abastecer e calibrar os pneus e fomos para o Studio 5, comprar o tal Pernalonga.
Ele era um dos brinquedos em promoção dentro de uma caixa de bichinhos de pelúcia. Eu estava torcendo pro tal Pernalonga ainda estar por lá. Deus me livre ficar devendo Ana Luiza... Chegando a loja, a atendente lembrou dela na hora: “Você voltou!!! Vai levar o Pernalonga?!”
No dia anterior, a Ana Luiza estava dentro da loja e enquanto eu atendia o celular, ela conversava com a atendente. Do lado de fora da loja, eu via a conversa e pensava: “Ê menina, que fala! Tem um papo de derrubar avião!” Eu não sabia, mas ela tinha pedido para a moça esconder o Pernalonga no fundo da caixa, “pra nenhuma criança querer ficar com ele, né tia?”
Paguei o Pernalonga e ela, feliz da vida, saiu com ele nos braços. Estava realizada.
Ficamos passeando com ela no Shopping, fazendo hora. A consulta com o neurocirurgião era às 13h, então ainda tinha muito tempo. Era um teste de paciência. Eu estava me corroendo de tanta ansiedade. Mas não tinha nada que eu pudesse fazer, só nos restava esperar.
Quem observasse Ana Luiza, não imaginaria que ela estava com uma doença tão grave. Estava rindo, feliz, cantando... Do jeitinho de sempre. Aquilo me dava certeza de que as imagens trariam notícias mais amenas.
Decidimos almoçar picanha, um dos pratos preferidos de Ana Carnívora Luiza. Durante o almoço, Marcos pegou o celular e filmou o olho esquerdo de Ana Luiza. Era desesperador constatar que o olho só piorava.
Chegamos ao consultório do neurologista exatamente às 12h. Já tinha um paciente esperando. Seríamos os segundos do dia. Perguntei para secretária do médico, se os exames de ressonância já haviam chegado. Ela disse que não.
Liguei pro anjo da guarda de Ana Luiza, que na Terra se chama Josely. Ela disse que ia verificar na Magscan e que eu não me preocupasse, que antes da consulta, os exames estariam conosco. Ela estava no Posto de Saúde e atravessaria a cidade para ir buscar os exames. Eu disse que não precisava, mas ela insistiu. Eu sabia que ela tinha compromissos. Ela sempre teve a agenda superlotada de compromissos. Aquilo gelou minha barriga: “Como assim, ela vem aqui? Vai atravessar a cidade, em horário de trânsito, para trazer um exame. Será que ela já sabe alguma coisa? Ô meu Deus, que não seja nada grave...”
Ana Luiza estava com fome novamente. Parecia uma frieira, como dizia minha sogra. Estava comendo tudo. Fomos até a lanchonete e ela escolheu um toddynho com biscoito de castanha. Enquanto comia, ficamos aguardando. O consultório já estava lotado.
O médico chegou, pontualmente, às 13h (coisa rara, diga-se de passagem). Entretanto, Ana Luiza seria a segunda a ser atendida.
Liguei novamente para a Josely e ela disse que já estava chegando no Hospital. Em poucos minutos ela apareceu. E claro, o rosto da Ana Luiza se iluminou ainda mais. Era impressionante o carinho gratuito que as duas tinham uma pela outra. Coisas inexplicáveis. A vida é cheia disso, a gente que não nota.
Enquanto aguardávamos, Ana Luiza vomitou, simplesmente TUDO que havia comido. Corremos para o banheiro feminino. Josely me ajudou, conseguimos limpá-la com lencinhos umedecidos emprestados pela tia Jo. Quando terminamos de limpá-la, Ana Luiza pediu mais um lencinho emprestado, para limpar a orelha do Pernalonga. Essa era a preocupação dela... o brinquedo novinho não podia “ficar fedido de vômito”, né?
Chegou a vez da Ana Luiza. Respirei fundo e entramos na sala do médico. A sala era ampla, bem decorada. Josely tinha sido amiga de faculdade do neurologista. Conversaram algumas amenidades enquanto entrávamos na sala. Eu acho que fiquei sem respirar durante todo o tempo em que estávamos dentro da sala dele. Ana Luiza e eu sentamos nas poltronas em frente ao médico. Josely sentou em uma cadeira logo atrás da gente. Marcos ficou de pé, próximo a porta.
Meu coração disparou quando ele abriu o envelope dos exames. Sentia o coração batendo na garganta. Olhei para trás e vi a cara dos dois: Marcos e Josely super apreensivos. Acho que conseguia ouvir o coração dos dois. Estava todo mundo muito apreensivo, com exceção de Ana Luiza, que estava preocupada com o Pernalonga sujo de vômito... só queria saber de limpar a orelha do bicho.
Ele abriu os exames e pegou somente as imagens. O Laudo ficou fechado em cima da mesa. Ele olhou, calado e concentrado. Pediu pra Ana Luiza subir na maca e começou a avaliá-la. Testou reflexos, audição, visão...
A pequena dava risadas. Simpática e educada, ajudou na avaliação perfeitamente. Eu já segurava as lágrimas no cantos dos olhos. Eu sabia que ouviria algo extremamente desagradável, meu coração de mãe tinha certeza.
Ele voltou para a mesa e abriu o Laudo: “Vamos ver se a Conceição deu alguma hipótese diagnóstica...” Ele colocou o Laudo em cima da mesa e, de cabeça para baixo, consegui ler apenas as quatro primeiras palavras da descrição: EXTENSA LESÃO EXPANSIVA INFILTRATIVA... Fechei os olhos, segurei o choro e comecei a ouvir ele sentenciar: “Ela tem uma lesão na base do crânio e para qualquer intervenção cirúrgica, ela precisa de uma assistência multidisciplinar: neurocirurgião, cirurgião de cabeça e pescoço e um bom otorrinolaringologista. Em Manaus temos excelentes médicos, entretanto não temos infra-estrutura hospitalar. Vocês tem como ir para São Paulo hoje?”
O médico não olhava pra mim. Ele falava olhando pra Josely. Olhei pra trás e vi a Josely chorando. As minhas lágrimas já estavam caindo também. Receber uma notícia dessas não é fácil, mas dar uma notícia dessas também deve ser desesperador, imagino eu.
Ana Luiza notou que eu estava chorando e disse: “Ah mãe, já está chorando? Credo, como você é chorona!!” A Josely enxuga as lágrimas dela e diz: “Pois é Ana, gente grande tem dessas coisas, chora à toa”. Limpando as lágrimas continuei ouvindo o que ele dizia.
Ele disse que somente com uma biópsia poderíamos ter um diagnóstico definitivo, mas pelas características da lesão (localização, idade de Ana Luiza, sintomas iniciais) duas hipóteses deveriam ser levadas em consideração: Um linfoma (câncer maligno MENOS agressivo) ou um rabdomiossarcoma (câncer maligno MUITO agressivo). Como Ana Luiza estava bem, ele recomendou que fôssemos para São Paulo o quanto antes, para consulta com um neurocirurgião da USP, que havia sido seu professor.
Aquilo foi um soco no estômago. Não conseguia falar. Pra ser sincera eu não lembro se falei alguma coisa, não consigo sequer lembrar direito como eu desci as escadas até o estacionamento. Mas uma coisa eu lembro: o desespero.
Entramos no carro e eu precisava pensar no que fazer primeiro. A vontade era simplesmente, sentar e chorar. Na verdade a vontade que eu tinha era de gritar. Mas gritar não ia adiantar nada e eu não podia me dar esse luxo, afinal minha filha estava no carro comigo.
Minhas mãos tremiam. Eu não consegui enxergar nada no celular. Me acalmei e peguei o encaminhamento, com o telefone do médico. Respirei fundo e liguei para agendar a consulta: seria às 12h do dia 23/09/2010, quinta-feira.
Não sabia para quem eu ligava primeiro. Eu queria ligar para nossos pais, mas eu não podia fazer isso nervosa do jeito que eu estava. Eu PRECISAVA me acalmar. Resolvi ligar para o padrinho da Ana Luiza, que estava fazendo ponte aérea Manaus/São Paulo, pra pedir ajuda. Precisava que alguém nos buscasse no aeroporto, precisava de um lugar pra ficar. Na verdade eu precisava mesmo era chorar. O Rodrigo atendeu o celular e imediatamente desabei. Chorei, tentei explicar o que estava acontecendo e ele tentou me acalmar. Nem lembro direito o que conversávamos, mas lembro que na hora em que eu desliguei o telefone, ainda dentro do carro, Ana Luiza perguntou, sentadinha na sua cadeirinha: “Mãe, eu tenho câncer?”
Olhei para o Marcos, que apenas devolveu o olhar que dizia nitidamente: não minta, mas seja objetiva. Imediatamente perguntei de volta: “Você sabe o que é câncer, meu amor?” Ela disse que não sabia e eu respondi dizendo que era um dodói perigoso e muito chato, que precisava de um remédio que não tinha em Manaus, mas que a gente ia viajar para fazer o tratamento e ela ia ficar bem.
Aquilo bastou para ela. Marcos dirigiu até em casa. Eu não conseguia falar nada. Mas não parava de pensar e minha maior preocupação naquele momento, além do problema da Ana Luiza, eram os nossos pais. Como dar uma notícia dessas pra eles?
Chegamos em casa e imediatamente fui para a casa de Felipe e Frida. Desabei na frente deles. Chorei copiosamente. Eles eram meus únicos parentes, ou pelo menos aqueles que cumpriam esse papel em Manaus. Fui confortada e em alguns minutos, enxuguei as lágrimas e entrei em casa.
Pedi que eles ficassem com Ana Luiza enquanto Marcos e eu resolvíamos as coisas: comprar as passagens, ligar para nossos pais, reservar hotel, arrumar as malas, ligar para as empresas, etc... E ela ficou na casa dos tios numa boa. Sempre gostou de ficar por lá. E jogou dominó, comeu bolo com refrigerante, jogou conversa fora com Lucas e Frederico, irmãos do tio torto preferido.
Eu não sabia como comunicar meus pais. Respirei fundo e resolvi ligar para meu irmão, o Tio Alex, e falar primeiramente com ele. Comecei a explicar o que estava acontecendo e não conseguia ouvir a voz dele do outro lado. Ele estava monossilábico. Aquilo me desesperou. Mas infelizmente eu não tinha o que fazer. Ele precisava me ajudar.
Enquanto eu falava com meu irmão, Marcos falava com o pai dele, o vovô Cálmon, que estava na padaria e atendeu o celular. Ao dar a notícia e pedir ajuda em relação a reserva do hotel em São Paulo, o Marcos parecia aqueles pais que vão retirar esparadrapo do braço de criança. Seguram a pontinha e puxam de uma vez. Foi assim que ele deu a notícia: De uma vez.
Eu não sei exatamente o que passou na cabeça do vovô Calmon, não sei nem se ele assimilou o que foi dito, mas ao chegar em casa, ligou para o Marcos pelo MSN com câmera e conversou novamente. Imediatamente ele entrou em contato com o Tio Cláudio, seu irmão, que possui um apartamento de temporada em São Paulo, para tentar viabilizar nossa estada. Missão dada ao Vovô Calmon, é missão cumprida. Já tínhamos onde ficar, pelo menos em princípio.
Meus pais me ligaram, respirei fundo. Eu já estava mais calma, já tinha parado de chorar e estava me concentrando em agilizar tudo e arrumar as coisas. Ao ouvir meu pai, o famoso vovô JC, com a voz angustiada ao telefone, tive que me conter e explicar a situação horrível de forma que parecesse uma bobagem. Isso sim era uma missão impossível. Mentir para um policial de carreira, com anos de experiência em pegar mentirosos no flagra, era realmente impossível. No telefone, eu tentava minimizar omitindo a palavra “câncer” e ele tentava se fazer de forte.
Pedi que ele tranquilizasse a vovó Aldenora e tentava convencê-lo a não vir para Manaus. A vontade dele era pegar o primeiro avião ou vir de carro mesmo. Eu disse que não valeria a pena, pois viajaríamos no dia seguinte. Que o ideal seria ele ir direto para SP. Ele resistia. Mas cedeu quando demos algumas missões para ele também, como aumentar o limite dos meus cartões de crédito com o banco (minha conta é de Boa Vista-RR) pois poderíamos precisar deles. Ele iria direto para SP na sexta ou sábado, caso conseguisse comprar as passagens de última hora.
Marcos verificou que teríamos passagens para aquela noite mesmo para SP, mas como a consulta era somente na quinta-feira pela manhã, decidimos ir no voo da quarta a noite. Assim, poderíamos usar a quarta-feira para resolvermos nossas licenças nas empresas, arrumar malas, dar férias para a Dona Francisca, ou seja, colocar nossa vida em manaus em “pause” por pelo menos 20 dias.
Ainda na terça-feira a tarde, recebemos as visitas de alguns amigos. O Emerson, a Melissa, a Denise, a Tia Lu, o Erick e a melhor amiga de Ana Luiza, a Darah. Todos se colocaram a disposição para ajudar no que fosse preciso. Mal sabiam que no dia seguinte TUDO mudaria e que eu realmente precisaria da ajuda de cada um deles.
Ana Luiza estava animada e resolvemos sair com ela para nos despedirmos dos amigos de Manaus. Fomos até o Empório Roma e vários amigos apareceram por lá, amigos da época da faculdade, vizinhos, amigos do trabalho. Todos desejando muito sucesso no tratamento, dando energias positivas e principalmente pedindo que fôssemos forte e colocássemos Ana Luiza nas mãos de Deus.
Uma pessoa apareceu por lá bem rapidinho. Deu um abraço forte e se colocou a disposição, como todos os outros. Não éramos amigas de infância, nem de faculdade, tampouco trabalhávamos diretamente juntas.
Tínhamos uma boa afinidade, uma amizade muito bacana e uma empatia gratuita desde o dia em que nos conhecemos. Todavia, nós duas não fazíamos ideia que no dia seguinte, sua ajuda seria essencial para Ana Luiza. Ela ainda não sabia, mas no dia seguinte ela entraria para nossa vida de forma definitiva e durante toda a minha existência, seria grata a ela e sua família.
Ana Luiza comeu seu misto quente com guaraná baré, brincou bastante na área de crianças e fomos para casa.
Ela dormiu entre nós dois. E nessa dia foi impossível dormir. Nossas cabeças estavam a mil. Ficamos deitados com ela por muito tempo. Orei, implorei a Deus que nos desse forças para suportar aquela situação surreal. Marcos conseguiu dormir e eu continuava acordada.
Peguei os exames novamente, reli cuidadosamente. O exame havia sido muito bem feito, bem detalhado. Há anos não estudava neuroanatomia. Peguei os atlas de anatomia e procurei identificar EXATAMENTE onde aquela doença maligna estava localizada. Era desesperador:
“Extensa lesão expansiva infiltrativa, com intensa impregnação após contraste venoso, comprometendo a ponta do rochedo esquerdo com envolvimento do seio carvenoso, cavum de Meckel, foramens oval, espinhoso e lácero, canal carotídeo, forame jugular, encarcerando a carótida interna, com crescimento para o espaço parafaríngeo, obliterando os planos adiposos e rechaçando os músculos pterigoideos medial e lateral, abaulando a parede póstero-lateral do nasofaringe, com obliteração da fosseta de Rosemuller. Comprometimento de parte do esfenóide e clivus a esquerda, com pequeno componente insinua-se também superolateralmente para a cavidade epitimpânica, com envolvimento do conduto auditivo externo correspondente. Não há sinais de fluxo na veia jugular interna no segmento visualizado. Alteração da densidade do trabeculado ósseo na porção anterior da mastóide esquerda, com área focal de rotura cortical lateral, por provável envolvimento tumoral. Acúmulo de secreção nas células da mastóide esquerda. Dentre as possibilidades diagnósticas considerar doença linfoproliferativa e rabdomiossarcoma.”
Fechei os livros, desliguei o computador e fui implorar a Deus, por misericórdia. Eu poderia fazer outra coisa?
A noite foi longa, as lágrimas foram muitas. Muito mais ainda estava por vir. Isso era apenas o começo.
Ela estava ótima. Bem humorada, carinhosa e, obviamente, ansiosa pra ganhar o amigo Pernalonga. O olho esquerdo estava cada vez pior. Mas eu estava muito otimista para ficar pensando nisso. Passei a noite entre cochilos sobressaltados e orações. Acordava no meio da madrugada, olhava pra ela e colocava minha mão sobre sua cabecinha. Algumas vezes beijava de mansinho, como quem beija um dodói, para passar a dor. Quem é pai/mãe sabe do que estou falando. Quem é filho, também sabe.
Saímos de casa por volta das 9h30min, passamos no posto de gasolina para abastecer e calibrar os pneus e fomos para o Studio 5, comprar o tal Pernalonga.
Ele era um dos brinquedos em promoção dentro de uma caixa de bichinhos de pelúcia. Eu estava torcendo pro tal Pernalonga ainda estar por lá. Deus me livre ficar devendo Ana Luiza... Chegando a loja, a atendente lembrou dela na hora: “Você voltou!!! Vai levar o Pernalonga?!”
No dia anterior, a Ana Luiza estava dentro da loja e enquanto eu atendia o celular, ela conversava com a atendente. Do lado de fora da loja, eu via a conversa e pensava: “Ê menina, que fala! Tem um papo de derrubar avião!” Eu não sabia, mas ela tinha pedido para a moça esconder o Pernalonga no fundo da caixa, “pra nenhuma criança querer ficar com ele, né tia?”
Paguei o Pernalonga e ela, feliz da vida, saiu com ele nos braços. Estava realizada.
Ficamos passeando com ela no Shopping, fazendo hora. A consulta com o neurocirurgião era às 13h, então ainda tinha muito tempo. Era um teste de paciência. Eu estava me corroendo de tanta ansiedade. Mas não tinha nada que eu pudesse fazer, só nos restava esperar.
Quem observasse Ana Luiza, não imaginaria que ela estava com uma doença tão grave. Estava rindo, feliz, cantando... Do jeitinho de sempre. Aquilo me dava certeza de que as imagens trariam notícias mais amenas.
Decidimos almoçar picanha, um dos pratos preferidos de Ana Carnívora Luiza. Durante o almoço, Marcos pegou o celular e filmou o olho esquerdo de Ana Luiza. Era desesperador constatar que o olho só piorava.
Chegamos ao consultório do neurologista exatamente às 12h. Já tinha um paciente esperando. Seríamos os segundos do dia. Perguntei para secretária do médico, se os exames de ressonância já haviam chegado. Ela disse que não.
Liguei pro anjo da guarda de Ana Luiza, que na Terra se chama Josely. Ela disse que ia verificar na Magscan e que eu não me preocupasse, que antes da consulta, os exames estariam conosco. Ela estava no Posto de Saúde e atravessaria a cidade para ir buscar os exames. Eu disse que não precisava, mas ela insistiu. Eu sabia que ela tinha compromissos. Ela sempre teve a agenda superlotada de compromissos. Aquilo gelou minha barriga: “Como assim, ela vem aqui? Vai atravessar a cidade, em horário de trânsito, para trazer um exame. Será que ela já sabe alguma coisa? Ô meu Deus, que não seja nada grave...”
Ana Luiza estava com fome novamente. Parecia uma frieira, como dizia minha sogra. Estava comendo tudo. Fomos até a lanchonete e ela escolheu um toddynho com biscoito de castanha. Enquanto comia, ficamos aguardando. O consultório já estava lotado.
O médico chegou, pontualmente, às 13h (coisa rara, diga-se de passagem). Entretanto, Ana Luiza seria a segunda a ser atendida.
Liguei novamente para a Josely e ela disse que já estava chegando no Hospital. Em poucos minutos ela apareceu. E claro, o rosto da Ana Luiza se iluminou ainda mais. Era impressionante o carinho gratuito que as duas tinham uma pela outra. Coisas inexplicáveis. A vida é cheia disso, a gente que não nota.
Enquanto aguardávamos, Ana Luiza vomitou, simplesmente TUDO que havia comido. Corremos para o banheiro feminino. Josely me ajudou, conseguimos limpá-la com lencinhos umedecidos emprestados pela tia Jo. Quando terminamos de limpá-la, Ana Luiza pediu mais um lencinho emprestado, para limpar a orelha do Pernalonga. Essa era a preocupação dela... o brinquedo novinho não podia “ficar fedido de vômito”, né?
Chegou a vez da Ana Luiza. Respirei fundo e entramos na sala do médico. A sala era ampla, bem decorada. Josely tinha sido amiga de faculdade do neurologista. Conversaram algumas amenidades enquanto entrávamos na sala. Eu acho que fiquei sem respirar durante todo o tempo em que estávamos dentro da sala dele. Ana Luiza e eu sentamos nas poltronas em frente ao médico. Josely sentou em uma cadeira logo atrás da gente. Marcos ficou de pé, próximo a porta.
Meu coração disparou quando ele abriu o envelope dos exames. Sentia o coração batendo na garganta. Olhei para trás e vi a cara dos dois: Marcos e Josely super apreensivos. Acho que conseguia ouvir o coração dos dois. Estava todo mundo muito apreensivo, com exceção de Ana Luiza, que estava preocupada com o Pernalonga sujo de vômito... só queria saber de limpar a orelha do bicho.
Ele abriu os exames e pegou somente as imagens. O Laudo ficou fechado em cima da mesa. Ele olhou, calado e concentrado. Pediu pra Ana Luiza subir na maca e começou a avaliá-la. Testou reflexos, audição, visão...
A pequena dava risadas. Simpática e educada, ajudou na avaliação perfeitamente. Eu já segurava as lágrimas no cantos dos olhos. Eu sabia que ouviria algo extremamente desagradável, meu coração de mãe tinha certeza.
Ele voltou para a mesa e abriu o Laudo: “Vamos ver se a Conceição deu alguma hipótese diagnóstica...” Ele colocou o Laudo em cima da mesa e, de cabeça para baixo, consegui ler apenas as quatro primeiras palavras da descrição: EXTENSA LESÃO EXPANSIVA INFILTRATIVA... Fechei os olhos, segurei o choro e comecei a ouvir ele sentenciar: “Ela tem uma lesão na base do crânio e para qualquer intervenção cirúrgica, ela precisa de uma assistência multidisciplinar: neurocirurgião, cirurgião de cabeça e pescoço e um bom otorrinolaringologista. Em Manaus temos excelentes médicos, entretanto não temos infra-estrutura hospitalar. Vocês tem como ir para São Paulo hoje?”
O médico não olhava pra mim. Ele falava olhando pra Josely. Olhei pra trás e vi a Josely chorando. As minhas lágrimas já estavam caindo também. Receber uma notícia dessas não é fácil, mas dar uma notícia dessas também deve ser desesperador, imagino eu.
Ana Luiza notou que eu estava chorando e disse: “Ah mãe, já está chorando? Credo, como você é chorona!!” A Josely enxuga as lágrimas dela e diz: “Pois é Ana, gente grande tem dessas coisas, chora à toa”. Limpando as lágrimas continuei ouvindo o que ele dizia.
Ele disse que somente com uma biópsia poderíamos ter um diagnóstico definitivo, mas pelas características da lesão (localização, idade de Ana Luiza, sintomas iniciais) duas hipóteses deveriam ser levadas em consideração: Um linfoma (câncer maligno MENOS agressivo) ou um rabdomiossarcoma (câncer maligno MUITO agressivo). Como Ana Luiza estava bem, ele recomendou que fôssemos para São Paulo o quanto antes, para consulta com um neurocirurgião da USP, que havia sido seu professor.
Aquilo foi um soco no estômago. Não conseguia falar. Pra ser sincera eu não lembro se falei alguma coisa, não consigo sequer lembrar direito como eu desci as escadas até o estacionamento. Mas uma coisa eu lembro: o desespero.
Entramos no carro e eu precisava pensar no que fazer primeiro. A vontade era simplesmente, sentar e chorar. Na verdade a vontade que eu tinha era de gritar. Mas gritar não ia adiantar nada e eu não podia me dar esse luxo, afinal minha filha estava no carro comigo.
Minhas mãos tremiam. Eu não consegui enxergar nada no celular. Me acalmei e peguei o encaminhamento, com o telefone do médico. Respirei fundo e liguei para agendar a consulta: seria às 12h do dia 23/09/2010, quinta-feira.
Não sabia para quem eu ligava primeiro. Eu queria ligar para nossos pais, mas eu não podia fazer isso nervosa do jeito que eu estava. Eu PRECISAVA me acalmar. Resolvi ligar para o padrinho da Ana Luiza, que estava fazendo ponte aérea Manaus/São Paulo, pra pedir ajuda. Precisava que alguém nos buscasse no aeroporto, precisava de um lugar pra ficar. Na verdade eu precisava mesmo era chorar. O Rodrigo atendeu o celular e imediatamente desabei. Chorei, tentei explicar o que estava acontecendo e ele tentou me acalmar. Nem lembro direito o que conversávamos, mas lembro que na hora em que eu desliguei o telefone, ainda dentro do carro, Ana Luiza perguntou, sentadinha na sua cadeirinha: “Mãe, eu tenho câncer?”
Olhei para o Marcos, que apenas devolveu o olhar que dizia nitidamente: não minta, mas seja objetiva. Imediatamente perguntei de volta: “Você sabe o que é câncer, meu amor?” Ela disse que não sabia e eu respondi dizendo que era um dodói perigoso e muito chato, que precisava de um remédio que não tinha em Manaus, mas que a gente ia viajar para fazer o tratamento e ela ia ficar bem.
Aquilo bastou para ela. Marcos dirigiu até em casa. Eu não conseguia falar nada. Mas não parava de pensar e minha maior preocupação naquele momento, além do problema da Ana Luiza, eram os nossos pais. Como dar uma notícia dessas pra eles?
Chegamos em casa e imediatamente fui para a casa de Felipe e Frida. Desabei na frente deles. Chorei copiosamente. Eles eram meus únicos parentes, ou pelo menos aqueles que cumpriam esse papel em Manaus. Fui confortada e em alguns minutos, enxuguei as lágrimas e entrei em casa.
Pedi que eles ficassem com Ana Luiza enquanto Marcos e eu resolvíamos as coisas: comprar as passagens, ligar para nossos pais, reservar hotel, arrumar as malas, ligar para as empresas, etc... E ela ficou na casa dos tios numa boa. Sempre gostou de ficar por lá. E jogou dominó, comeu bolo com refrigerante, jogou conversa fora com Lucas e Frederico, irmãos do tio torto preferido.
Eu não sabia como comunicar meus pais. Respirei fundo e resolvi ligar para meu irmão, o Tio Alex, e falar primeiramente com ele. Comecei a explicar o que estava acontecendo e não conseguia ouvir a voz dele do outro lado. Ele estava monossilábico. Aquilo me desesperou. Mas infelizmente eu não tinha o que fazer. Ele precisava me ajudar.
Enquanto eu falava com meu irmão, Marcos falava com o pai dele, o vovô Cálmon, que estava na padaria e atendeu o celular. Ao dar a notícia e pedir ajuda em relação a reserva do hotel em São Paulo, o Marcos parecia aqueles pais que vão retirar esparadrapo do braço de criança. Seguram a pontinha e puxam de uma vez. Foi assim que ele deu a notícia: De uma vez.
Eu não sei exatamente o que passou na cabeça do vovô Calmon, não sei nem se ele assimilou o que foi dito, mas ao chegar em casa, ligou para o Marcos pelo MSN com câmera e conversou novamente. Imediatamente ele entrou em contato com o Tio Cláudio, seu irmão, que possui um apartamento de temporada em São Paulo, para tentar viabilizar nossa estada. Missão dada ao Vovô Calmon, é missão cumprida. Já tínhamos onde ficar, pelo menos em princípio.
Meus pais me ligaram, respirei fundo. Eu já estava mais calma, já tinha parado de chorar e estava me concentrando em agilizar tudo e arrumar as coisas. Ao ouvir meu pai, o famoso vovô JC, com a voz angustiada ao telefone, tive que me conter e explicar a situação horrível de forma que parecesse uma bobagem. Isso sim era uma missão impossível. Mentir para um policial de carreira, com anos de experiência em pegar mentirosos no flagra, era realmente impossível. No telefone, eu tentava minimizar omitindo a palavra “câncer” e ele tentava se fazer de forte.
Pedi que ele tranquilizasse a vovó Aldenora e tentava convencê-lo a não vir para Manaus. A vontade dele era pegar o primeiro avião ou vir de carro mesmo. Eu disse que não valeria a pena, pois viajaríamos no dia seguinte. Que o ideal seria ele ir direto para SP. Ele resistia. Mas cedeu quando demos algumas missões para ele também, como aumentar o limite dos meus cartões de crédito com o banco (minha conta é de Boa Vista-RR) pois poderíamos precisar deles. Ele iria direto para SP na sexta ou sábado, caso conseguisse comprar as passagens de última hora.
Marcos verificou que teríamos passagens para aquela noite mesmo para SP, mas como a consulta era somente na quinta-feira pela manhã, decidimos ir no voo da quarta a noite. Assim, poderíamos usar a quarta-feira para resolvermos nossas licenças nas empresas, arrumar malas, dar férias para a Dona Francisca, ou seja, colocar nossa vida em manaus em “pause” por pelo menos 20 dias.
Ainda na terça-feira a tarde, recebemos as visitas de alguns amigos. O Emerson, a Melissa, a Denise, a Tia Lu, o Erick e a melhor amiga de Ana Luiza, a Darah. Todos se colocaram a disposição para ajudar no que fosse preciso. Mal sabiam que no dia seguinte TUDO mudaria e que eu realmente precisaria da ajuda de cada um deles.
Ana Luiza estava animada e resolvemos sair com ela para nos despedirmos dos amigos de Manaus. Fomos até o Empório Roma e vários amigos apareceram por lá, amigos da época da faculdade, vizinhos, amigos do trabalho. Todos desejando muito sucesso no tratamento, dando energias positivas e principalmente pedindo que fôssemos forte e colocássemos Ana Luiza nas mãos de Deus.
Uma pessoa apareceu por lá bem rapidinho. Deu um abraço forte e se colocou a disposição, como todos os outros. Não éramos amigas de infância, nem de faculdade, tampouco trabalhávamos diretamente juntas.
Tínhamos uma boa afinidade, uma amizade muito bacana e uma empatia gratuita desde o dia em que nos conhecemos. Todavia, nós duas não fazíamos ideia que no dia seguinte, sua ajuda seria essencial para Ana Luiza. Ela ainda não sabia, mas no dia seguinte ela entraria para nossa vida de forma definitiva e durante toda a minha existência, seria grata a ela e sua família.
Ana Luiza comeu seu misto quente com guaraná baré, brincou bastante na área de crianças e fomos para casa.
Ela dormiu entre nós dois. E nessa dia foi impossível dormir. Nossas cabeças estavam a mil. Ficamos deitados com ela por muito tempo. Orei, implorei a Deus que nos desse forças para suportar aquela situação surreal. Marcos conseguiu dormir e eu continuava acordada.
Peguei os exames novamente, reli cuidadosamente. O exame havia sido muito bem feito, bem detalhado. Há anos não estudava neuroanatomia. Peguei os atlas de anatomia e procurei identificar EXATAMENTE onde aquela doença maligna estava localizada. Era desesperador:
“Extensa lesão expansiva infiltrativa, com intensa impregnação após contraste venoso, comprometendo a ponta do rochedo esquerdo com envolvimento do seio carvenoso, cavum de Meckel, foramens oval, espinhoso e lácero, canal carotídeo, forame jugular, encarcerando a carótida interna, com crescimento para o espaço parafaríngeo, obliterando os planos adiposos e rechaçando os músculos pterigoideos medial e lateral, abaulando a parede póstero-lateral do nasofaringe, com obliteração da fosseta de Rosemuller. Comprometimento de parte do esfenóide e clivus a esquerda, com pequeno componente insinua-se também superolateralmente para a cavidade epitimpânica, com envolvimento do conduto auditivo externo correspondente. Não há sinais de fluxo na veia jugular interna no segmento visualizado. Alteração da densidade do trabeculado ósseo na porção anterior da mastóide esquerda, com área focal de rotura cortical lateral, por provável envolvimento tumoral. Acúmulo de secreção nas células da mastóide esquerda. Dentre as possibilidades diagnósticas considerar doença linfoproliferativa e rabdomiossarcoma.”
Fechei os livros, desliguei o computador e fui implorar a Deus, por misericórdia. Eu poderia fazer outra coisa?
A noite foi longa, as lágrimas foram muitas. Muito mais ainda estava por vir. Isso era apenas o começo.
Carol, você escreve super bem, não consigo compreender ainda mais numa situação destas... Mas creio que Deus dará um final feliz para esta história. Aqui em BH também continuamos orando muito por vocês! Fiquem com Deus!
ResponderExcluirOi Família amada! É assim que sinto em relação a vocês sem ao menos conhecê-los pessoalmente. Acho que é o amor de Deus que nos une.
ResponderExcluirMeu coração se enche de dor quando escuto os relatos de como tudo aconteceu, mas ao mesmo tempo me lembro da força e fé que vocês tem demonstrado e assim me sinto confortada. Ana Luiza não sai das minhas orações e eu não vejo a hora de conhecê-la. Estou com um quadro alérgico, por isso estou adiando minha ida a Sampa. Mas assim que eu estiver 100% quero ir conhecer vocês e poder dá um abraço e dizer o quanto vocês se tornaram especiais para mim.
Já passei meu e-mail ao Marcos e quando ele me responder, coloco meus contatos para o que vocês precisarem.
Abraços e fiquem com Deus
oi Carol, tudo bem?
ResponderExcluirconheci vocês e a ana Luiza através da bia freire de Manaus. sou catolica, consagrada a Deus e temos uma rádio na internet... e temos sempre rezado pela Ana Luiza, por vcs...
o bonito é que várias pessoas, do Brasil inteiro já assumiu a ana Luiza em oração mesmo sem conhecer...
rezamos sempre por ela no terço da Misericórdia.
Deus os abençoe ricamente e que a Misericórdia os alcance!
Carol, fique certa de que tudo ficará bem, e que Deus nao há de esquecer a formosura que é sua filha, sua história não sai da cabeça de todos que a conhecem e certamente das orações também não. Seja forte... Kelle.
ResponderExcluirCarol,
ResponderExcluirConfesso que espero ansiosa cada atualização desse seu espaço e sinto que a cada novo post, depois de ágrimas derramadas minha fé se renova e minhas orações pela Ana Luiza se tornam mais fortes...Força e fé!!!Dê um beijo grande na Ana Luiza por mim!!
Maíra Venzo
Carol, depois de sair do hospital fomos em Aparecida e na canção nova e sempre estaremos em oração. quando puderem venham ate curitiba, sera um prazer recebe-los.
ResponderExcluirCarol, conheço esse drama de câncer de perto. Estamos rezando e torcendo pela saúde da sua filha, que com certeza sairá dessa. Tenha Fé e paciência que tudo terminará bem. abss e boa sorte.
ResponderExcluirOlá familia o que tenho a dizer, nesse momento dificil, tenham fé, para Deus nada é impossivel, apartir do momento da história de Ana Luiza comecei a orar por sua saúde, e força pai e mãe de Ana,e todos desta familia, fiquem com Deus, e tudo vai dar certo.
ResponderExcluirLudmilla Duarte, Manaus-AM (soube pela reportagem de a critica)e trabalho na refinaria, lembro de vc Carol, um abraço
Carol, tenho dois filhos e dói imaginar um pai ou mãe sofrendo assim... Vocês estarão em minhas orações diariamente. Tenho fé em Deus que vocês sairão desta e FELIZES. Deus tudo pode! E Maria, irá interceder por vocês! Dê um grande beijo em Ana Luiza, diga que tem dois coleguinhas em Manaus que torcerão e pedirão por ela também em suas orações.
ResponderExcluirBeijo grande, fiquem com Deus!
Valéria Abreu
estou sem palavras para o que eu li. tudo aconteceu tão depressa e me vi, durante a leitura, perdida. um pouco se comparado a o que voce sentiu nesse dia.
ResponderExcluiremail: jack-sampaio@hotmail.com
twitter: @jacksampaio
Oi família linda, tenha fé que para Deus nada é impossível, já passei por um câncer, e sei o que você mãezinha estava ou está sentindo(minha mãe ficou agoniada, porém, não estou aqui para falar de minha vida) seja forte, é nesses momentos que percebemos o quanto uma palavra pode confortar a nossa dor. Espero as suas atualizações ansiosa.
ResponderExcluirBeatriz Milena
Brasília- Distrito Federal
Quero saber como esta a menina :
ResponderExcluirMelhorou:
Acabei de ler a ressonancia de meu filho de 9 anos ...
Deu Secrecao em celuas mastoide esquerda .
Nao sei o que isso siguinifica !
Regina, infelizmente a Ana Luiza faleceu, já faz 1 ano.
ExcluirFlávia
Cara Regina, entendo a sua preocupacao. O que voce escreveu pode representar uma inflamacao do ouvido, tratavel com medicacao, ou algo mais que apenas o medico solicitante do exame podera lhe explicar apos a leitura do laudo da ressonancia. Nao se preocupe em demasia, procure logo o seu pediatra de confianca. Que o Altissimo lhe traga paz. Beatriz Goncalves
ResponderExcluirPARA A FAMÍLIA DE ANA LUIZA! ACREDITO QUE É EXATAMENTE O QUE ELA DIRIA - ABAIXO. FLÁVIA EUGÊNIA. NAMASTÊ.
ResponderExcluirA morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.
Santo Agostinho