Acordei de um sono pesado, mas agitado. Quando durmo muito cansada, acabo sonhando muito e sempre acordo mais cansada ainda. A semana anterior foi realmente desgastante, tanto física, quanto emocionalmente e eu realmente precisava tentar dormir e descansar, afinal na próxima semana ainda teríamos a cirurgia, que segundo os médicos, tinha um pós-operatório bastante difícil para Ana Luiza.
Deixei a pequena dormir mais um pouco e apesar do cansaço, acordei grata por tantas notícias maravilhosas e feliz porque finalmente Marcos estava chegando de Manaus.
Assim que ele abriu a porta do apartamento, carregando a mala e a caixa de guaraná Baré – pedido especial da Ana Luiza - ela ouviu a porta e acordou na mesma hora. Ela estava com saudades e deu aquele abraço apertado no “puí”, como ela o chama.
Marcos não é apenas meu marido e o padrasto da Ana Luiza. Nos conhecemos quando ela tinha 2 anos de idade e desde então ele é pessoa que tem estado conosco em todos os momentos, sempre cuidando da gente e demonstrando muito orgulho de nós duas. Ele largou tudo em Belo Horizonte para fazer uma família em Manaus. Casou com uma mãe solteira de 20 e poucos anos, que àquela altura já tinha aceitado encarar a vida sozinha com a filha.
Na minha cabeça, ter conseguido me formar regularmente mesmo grávida e ter arrumado um excelente emprego imediatamente após a formatura, já era o suficiente para eu agradecer eternamente a Deus. Quem é mãe solteira (ou já foi), vai me entender: Com o desafio de criar e sustentar um filho, encontrar um cara sério, disposto a formar uma família, fica em segundo plano. Por mais piegas que possa parecer, formamos uma família simplesmente feliz, cada um relevando os defeitos do outro e tentando viver sempre em harmonia, com muito respeito mútuo e principalmente bom humor.
Temos nossos planos e batalhamos juntos para conseguir realizar todos eles. Antes de tudo isso começar, Marcos e eu estávamos trabalhando bastante para finalmente comprar nossa casa própria. Em diversas ocasiões ficamos tentados a fechar negócio, principalmente porque eu estava trabalhando em duas empresas e meu salário tinha melhorado bastante, mas Marcos sempre teve o pé atrás. Parece que pressentia que as economias poderiam servir para outra finalidade. Ele, definitivamente, é nosso anjo da guarda e sou muito grata por ter encontrado uma pessoa tão bacana para compartilhar a vida.
Hoje, ele tem nos sustentado integralmente aqui em SP e tem mantido nossa casa em Manaus. Estou em licença não-remunerada, o que diminuiu pela metade nossos ganhos. Mas os gastos duplicaram, afinal são duas casas para manter. Temos tido muitos gastos, mas Marcos mantém tudo religiosamente registrado e por curiosidade, um dia somamos todos os nossos gastos até agora. Tomamos um baita susto: realmente um tratamento desses não é fácil, muito menos barato. Mas felizmente nunca nos faltou nada.
Marcos tem cumprido muito mais do que sua responsabilidade. E isso também vai muito além de consideração e respeito. Marcos cuida da gente de verdade. Essa situação toda, tem nos fortalecido ainda mais como família. E serei sempre grata a Deus por isso também.
O final de semana foi muito bom. Meu pai e minha irmã também estavam chegando para a cirurgia de Ana Luiza. Mas àquela altura, muita gente já tinha ligado e perguntado: “Mas os médicos tem certeza que viram alguma coisa? Essa cirurgia é realmente necessária?” Outras pessoas afirmavam sem titubear: “Eles vão fazer essa cirurgia por desencargo de consciência. Não tem mais nada lá, Carol. Você vai ver.”
No fundo eu torcia para que todas elas estivessem certas. Por um momento, quis confrontar todos aqueles médicos e questionar suas decisões, mas desde o início eu tinha pedido a Deus que iluminasse a cabeça e as mãos de cada um dos profissionais que estavam cuidando da minha pequena. Eu precisava confiar e crer nisso. E eu entendia a vontade de Deus se manifestando nas decisões da equipe médica.
No dia da cirurgia, Ana Luiza estava tranquila. Fomos para o hospital cedo e ela iniciou o jejum às 9h da manhã, a cirurgia estava agendada para às 18h. Ainda de manhã, recebemos a visita do João Vitor, seu amigo de escola. Ele tinha sido o par de Ana Luiza, na festa junina da escola. Uma graça de criança. Educado e muito carinhoso com ela. A pequena adorou a visita e os dois brincaram pelo corredor do 5º andar.
Obviamente, Marcos e eu estávamos uma pilha de nervos. Ansiedade, medo, preocupação. As horas não passavam. Chegava 19h, mas não chegava 18h. Na minha cabeça ficavam martelando todos os riscos de uma cirurgia desse porte. Não tirava da cabeça as possíveis sequelas – quase certas – segundo os médicos. Amigos nossos, já acostumados a lidar com crianças que retornavam de neurocirurgias em Manaus, demonstraram sua preocupação: “Ela voltam cheias de sequelas, muito debilitadas, com dor forte, hematomas e edemas. Não é fácil mesmo.” A preocupação se misturava com a esperança e a fé de que Ana Luiza estava sendo protegida por Deus e que teria forças para enfrentar o pós-cirúrgico difícil.
Eu evitava criar expectativas positivas, pois não queria me frustrar e principalmente frustrar meus pais. Mas continuava torcendo e pedindo muito a Deus, que ele cuidasse dela especialmente naquele dia.
Faltando 15 minutos para as 18h, a enfermeira veio trazer uma dose de um sonífero potente, que em poucos minutos a deixaria sonolenta. Ela pediu que eu desse o remédio e a vestisse com a camisola do Centro Cirúrgico, pois as enfermeiras viriam buscá-la.
O quarto do hospital estava lotado de pessoas que vieram nos dar forças. Meu pai, minha irmã Camila, minha mãe, Marcos, Cynthia e Simone. Assim que a enfermeira saiu, Ana Luiza tomou o remédio e começou a chorar. Todo mundo falando ao mesmo tempo, tentando acalmá-la, só deixava-a mais nervosa. Ela me arrastou até o banheiro, fechou a porta, segurou meu rosto e chorando disse: “Estou com muito medo, mamãe! Muito mesmo! Por favor, mamãe! Fala com o Sérgio que eu não preciso dessa cirurgia. Eu estou com muito, muito medo. Eu até já pedi pro Papai do Céu me ajudar a ser forte, mas eu estou com muito medo, mesmo! Eu não quero ir pra aquele lugar horroroso, onde faz a cirurgia. Eu vou ficar com um corte grande na cabeça e todo mundo vai rir de mim”.
Me controlei MUITO para não chorar e deixá-la ainda mais preocupada. Enxugando suas lágrimas eu disse que a cirurgia era necessária, que ela não sentiria nada, pois estaria dormindo. Que a mamãe estaria com ela o tempo todo e o Papai do Céu estava cuidando de tudo. Disse que ela era forte e muito corajosa e que ninguém iria rir dela por causa de uma cicatriz. Pelo contrário, todo mundo ia ficar impressionado com a coragem dela.
Não adiantou nada. Ela estava inconsolável. Chorava aquele choro dolorido, magoado, soluçado. Fiquei com vontade de sair correndo, mas respirei fundo, troquei a roupinha dela, saímos do banheiro e Marcos a abraçou forte, enquanto eu vestia a roupa de acompanhante do Centro Cirúrgico. A enfermeira chegou para nos buscar e ela pediu que Marcos fosse junto até o 9º andar. Meus pais e minha irmã estavam entalados. Parecia que se abrissem a boca, cairiam em prantos. Tentavam se segurar de todos os jeitos, mas os olhos não mentem.
Ana Luiza deitou na maca (e nada de sono!!) e fomos até o elevador. Chegando no 9º andar, Marcos se despediu dela, deu um beijo grande e suando de nervosismo voltou para o quarto. Eu segui de mãos dadas com ela até a sala de indução anestésica.
Chegando lá, ela já estava mais calma (efeito do remédio, creio eu). Abracei-a fortemente, disse que a amava muito e que tudo daria certo. A enfermeira do setor perguntou que horas ela tinha tomado o indutor do sono e achou estranho ela ainda estar acordada. Muito simpática, puxou conversa com Ana Luiza, para tentar acalmá-la. Procurou nas gavetas e lhe deu 3 abaixadores de língua que também eram apitos e tinham cheirinho de chiclete. Ela percebeu que todas as enfermeiras usavam toucas coloridas e uma delas trouxe uma touca rosa florida. Ana Luiza adorou os paparicos.
A enfermeira perguntou sobre os exames de Ana Luiza e eu, por causa do nervosismo, havia esquecido tudo no quarto. Liguei para o Marcos, do telefone da enfermeira e pedi que ele trouxesse tanto os exames, quanto um celular, pois eu estava incomunicável e imaginava a angustia deles, aguardando notícias.
Marcos trouxe tudo, protocolei a entrega dos exames (um calhamaço de papéis) e fiquei tirando fotos da pequena e das enfermeiras. Ela até gravou uma mensagem de vídeo para a vovó: “Vó, quero que você fique calma, tá? Eu estou bem tranquila e vai dar tudo certo!” Ela dizia no vídeo, quase que adivinhando o choro desesperado da vovó...
Mas depois de 50 minutos na indução anestésica, Ana Luiza ainda não tinha dormido. O sonífero não fez nem cócegas na pequena. Os anestesistas vieram e disseram que a sala de cirurgia estava pronta e a equipe já estava toda lá. Eles permitiram que eu ficasse com ela, até ela cair no sono.
A sala de cirurgia ficava no final do longo corredor e era bem grande, mas estava LOTADA. Consegui contar 12 pessoas, entre médicos e instrumentistas. Mas ainda chegava gente. Achei muito estranho tudo aquilo: “Pra que tanta gente, meu Deus?” Pensei eu. Mas assim que chegamos em frente a sala, Ana Luiza já foi logo perguntando pros médicos: “Vocês tem certeza que sabem o que estão fazendo, né? Olha lá!!” Eu dei um sorriso nervoso, pois naquele momento, não conseguia nem pensar direito.
Respirei fundo, entrei na sala ajudando a enfermeira empurrar a maca e eu mesma posicionei Ana Luiza na mesa de cirurgia. Um dos anestesistas pediu que eu segurasse a máscara com o “cheirinho” e aguardei poucos segundos até ela perder a consciência. Beijei seu rosto e sua cabeça, enquanto a equipe colocava os eletrodos para a monitoração. A vontade de chorar desesperadamente era enorme. Uma angústia no peito, uma vontade de que aquilo fosse apenas um sonho. Minha menina, minha filha única, linda, inteligente, bem humorada, obediente, estava lá. Deitada e sendo manipulada pela equipe numa mesa de cirurgia.
O cirurgião responsável me chamou, me apresentou o médico que estaria monitorando exclusivamente os pares de nervos cranianos, na tentativa de preservá-los, evitando a paralisia do olho esquerdo.
Eu apertei forte a mão dos médicos e pedi que cuidassem bem dela. Apenas isso. Não conseguia falar mais nada. Se falasse uma palavra a mais, desabaria em choro. Eles também não falaram nada. E muito sérios apenas consentiram com a cabeça. Eu não sei se aquilo era motivo pra me preocupar ou não. Mas no momento em que saí da sala de cirurgia, não consegui me conter. Abaixei a cabeça e comecei a chorar, pedindo que Deus a protegesse e guiasse a mãos dos médicos.
Nesse momento, uma senhora por volta dos seus 50 anos, toca meu ombro e me dá um forte abraço. Ela diz que é a instrumentista do cirurgião responsável e que cuidaria da minha filha com muito amor. “Fique despreocupada, mãe. Sua filha está sendo assistida por excelentes médicos e eu, pessoalmente, ficarei ao lado dela o tempo todo, ok?”
Fui andando por todo aquele enorme corredor até chegar ao elevador. Chorei muito. Medo, impotência, nervosismo. Mas ao pisar no 5º andar enxuguei as lágrimas e tentei passar tranquilidade, principalmente para os meus pais. Quem estava cuidando da minha filha, desde o início, era Deus. Eu precisava entender isso de uma vez por todas!
Mostrei as fotos e o vídeo de Ana Luiza. Contei que ela estava supertranquila e que a sala estava lotada. Tentei demonstrar que não havia nada com o que se preocupar. Mas numa situação dessas, é quase impossível.
Fizemos um momento de meditação e orações, comandados por Marcos. Ele leu alguns trechos da bíblia, enfatizou a importância de sermos gratos e de entendermos nosso papel na Terra. Ao final, eu fiz uma longa oração e de mãos dadas, agradecemos a Deus. Por horas, ficamos conversando e tentando distrair uns aos outros. Passamos notícias aos inúmeros amigos do twitter e facebook, que também se mantinham em oração e torcendo pelo sucesso da cirurgia. A corrente em favor de Ana Luiza era enorme e aquilo nos fortalecia.
Apesar da ansiedade, inacreditavelmente eu consegui me acalmar. Mas após quase 4h de cirurgia, comecei a ficar nervosa novamente. Fui até o posto de enfermagem para saber se tínhamos como ter alguma notícia do Centro Cirúrgico. A enfermeira, com toda serenidade, disse que assim que a cirurgia terminasse, o médico ligaria avisando e pedindo que a gente subisse para conversar.
E haja andar de um lado para o outro, tentar conversar sobre outro assunto, ver televisão. Nada diminuía a nossa ansiedade. Marcos suando igual uma chaleira e eu roendo até os cotovelos.
Após quase 5 horas de cirurgia, o médico finalmente ligou para o 5º andar e pediu que fôssemos conversar com ele no Centro Cirúrgico. Marcos e eu saímos correndo desesperados até o elevador. Chegando lá, avisamos o enfermeiro que o Dr. Sérgio nos aguardava.
Após alguns minutos, ele apareceu. Bastante suado e com um sorriso no rosto, o neurocirurgião disse: “Que lugarzinho difícil de acessar, hein??” Marcos riu. Eu continuava séria. Nervosismo puro.
O neurocirurgião continuou explicando e disse que a cirurgia tinha sido um sucesso. Que os nervos foram preservados e que conseguiram remover completamente todo o resíduo tumoral que estava no ápice petroso (base do crânio). Apesar de ser um local de difícil acesso, não houve sequelas e a cirurgia representava um salto no tratamento, que a colocava em posição de vantagem na luta contra o câncer.
Ele disse ainda que o material retirado foi enviado para biópsia e Ana Luiza ficaria na UTI (provavelmente de 1 a 2 dias), até estar em condições de voltar ao quarto e que receberia alta em uma semana.
Agradecemos o médico e voltamos para o 5º andar com um sorriso de orelha a orelha. Explicamos tudo aos meus pais, avisamos os amigos pela internet, fizemos algumas ligações, agradecemos a Deus e logo em seguida a enfermeira nos avisou que Ana Luiza já estava sendo encaminhada para a UTI.
Lá fomos nós novamente. Chegando na UTI pediátrica, encontramos a equipe médica saindo do Box de Ana Luiza. Eles nos cumprimentam rapidamente e avisam: “Corram, que ela está acordando e está MUITO chateada”.
Ao entrar no Box, Ana Luiza gritava aborrecida: “Cadê minha mãe?!? Vocês esconderam minha mãe!! Ela tem o DIREITO de estar aqui, viu?!?! Cadê minha mãe!!!! Eu quero minha mãe!” As enfermeiras riram e uma delas disse: “Vem logo mãe, senão ela vai processar o hospital!!”
Parei ao lado dela, segurei sua mãozinha e disse que ficaria com ela a noite toda. “Mamãe tá aqui, filha. Pode ficar tranquila. O papai tá aqui também e vamos ficar com você, tá bom? Não precisa chorar, mamãe está aqui ao seu ladinho!” Eu tentava acalmá-la sem sucesso.
Ela soluçava de tanto chorar, mas o médico intensivista, nos explicou que era normal, em virtude do efeito da anestesia. Que ela estava acordando e frequentemente os pacientes acordavam muito agitados, falando coisas desconexas e que a gente não se assustasse com aquilo.
Fiquei de mãos dadas com ela o tempo todo e Marcos tentava acalmá-la. Ela estava agitada, mas eu sabia que ela estava bem: Dando patada nas enfermeiras e dizendo que os médicos não sabiam de nada, era a Ana Luiza de sempre! Mas finalmente ela cedeu. Parou de chorar e se acalmou. Marcos voltou pra casa com meus pais e eu fiquei na UTI com Ana Luiza durante a madrugada.
Apesar do cansaço, custei a dormir. Toda hora verificando se ela estava bem (apesar dos monitores servirem pra isso). Mas ela dormia tranquila e por volta das 2h30min da madrugada eu finalmente dormi. As 6h30min da manhã, o neurocirurgião veio visitá-la (sim, isso existe! Médico visitando paciente às 6h da madrugada!). Ana Luiza estava dormindo, mas ele disse que ela passou a noite muito bem e que ela faria uma tomografia ainda pela parte da manhã. Se continuasse tudo bem, receberia alta por volta das 13h.
A pequena acordou às 10h da manhã e super bem. Nada de edemas, nada de sequelas, nada de hematomas. Brigou com a enfermeira que colocou fralda nela, argumentou pra refazer o curativo, disse que não precisava tomar banho, principalmente na cama!! Falando muito e cheia de razão era óbvio que ela estava bem mesmo.
Fomos até o setor de imagem para que ela fizesse a tomografia e ainda se sentindo insegura por causa do curativo na cabeça, ajudei ela se posicionar melhor. Mas deu tudo certo e voltamos para a UTI. Ela disse que estava com fome e a enfermeira disse que o almoço dela já estava chegando. Mas ela já foi logo disparando: “Almoço? Mas eu nem tomei café da manhã ainda!! Não tem como você conseguir pelo menos um mingauzinho, pelo amor de Deus?” A tia, morrendo de rir das caras e bocas da pequena, conseguiu “um mingauzinho” e ela tomou todo.
Ainda pela parte da manhã, o oncologista veio visitá-la e surpreso com o aspecto geral da pequena, foi logo falando: “Nossa, Ana Luiza! Você está ótima! Muito bem, mesmo! Nem parece que fez cirurgia...” A pequena foi logo fulminando: “Não parece, porque não foi na sua cabeça, né! Foi na minha!”
Todo mundo caiu na gargalhada, inclusive a própria Ana Luiza. O médico sempre gostou das respostas “na lata” que ela dava e ficou realmente surpreso com a recuperação da cirurgia. Ela recebeu alta da UTI, tendo ficado apenas 12h por lá, quando o previsto era pelo menos uns 2 dias.
Chegou no 5º andar e as técnicas de enfermagem vieram paparicá-la. A enfermeira responsável, tinha determinado que Ana Luiza seria acompanhada por sua profissional preferida, a tia Lu. Ana Luiza adorava a tia Lu e a enfermeira chefe, já experiente e imaginando que a pequena voltaria da cirurgia muito chorosa, com dor e difícil de manipular, achou que a Ana Luiza aceitaria melhor a presença da tia preferida.
Tia Lu veio checar os sinais vitais e ficou impressionada: “Olha mãe, a gente está acostumada a receber pacientes da neurocirurgia e as crianças sempre voltam muito fragilizadas. Sempre muito inchadas, cheias de hematomas, com muita dor, sempre muito chorosas. Trabalho nesse hospital há anos e nunca tinha visto uma criança voltar de uma neurocirurgia assim! Ela está bem demais! Isso é coisa de Deus, viu?”
Ana Luiza ficou super bem. Pedalou no “trator” da ala pediátrica, foi para a escolinha, brincou, contou piada, enfim... estava se sentindo muito bem, mas eventualmente relatava dor de cabeça e um leve enjoo.
No dia seguinte ã alta da UTI, o pai biológico dela veio visitá-la dois depois da cirurgia, mas assim que ele entrou no quarto, Ana Luiza reclamou do perfume forte e pediu que ele tomasse um banho e voltasse depois. Todos nós demos risadas, pois a pequena realmente não tem papas na língua. Ele ficou poucos minutos com ela e saiu, dizendo que voltaria depois e “sem perfume”, para não enjoá-la. Naquele dia, ela apresentou vômitos, mas os médicos nos tranquilizaram dizendo que era normal, se isso ocorresse até 72hs depois de um procedimento. De qualquer modo, seu pai biológico preferiu visitá-la somente no dia que ela recebeu alta, já estando em casa.
Mas alguns dias antes de receber alta, Ana Luiza conheceu o Arthur Amorim, lindo menino de 9 anos, que também lutava contra um rabdomiossarcoma. Diferente de Ana Luiza, ele combatia uma doença sem metástases e quando chegou ao hospital A C Camargo, foi dito à sua família que ele tinha 90% de chances de cura pois a doença estava no início e não havia se espalhado.
Infelizmente, após 2 anos de tratamento, depois de várias cirurgias e quimioterapia com diversas drogas, Arthur havia sido colocado no tratamento paliativo, ou seja, o câncer não regredia e não havia mais nenhum tipo de tratamento que pudesse lhe proporcionar a remissão da doença.
Eu já conhecia a história do Arthur, o menino superinteligente que sabia tudo sobre dinossauros e que era muito amado pela famílias e amigos. Tinha visto sua entrevista no Jô Soares, um sonho que havia se tornado realidade, onde ele falou sobre sua paixão por dinossauros e sobre o primeiro livro: As aventuras de Yoshito, o personagem dinossauro que ele criou. O Arthur definitivamente não era desse mundo. Chorei de emoção ao ver sua força e vontade de viver.
Durante a internação de Ana Luiza, finalmente conhecemos o Arthur e sua família pessoalmente. Sua mãe, a July, nos contou como tudo começou, as indas e vindas do tratamento. A fé inabalável do pequeno e de sua família, as dificuldades vencidas, enfim. Foi uma conversa muito boa e senti o grande amor da July, por seu pequeno Arthur e como essa doença nos torna grandes, ao invés de pequenos.
O tumor no rosto dele cresceu muito e já tomava parte de sua boca, o que dificultava a fala, a alimentação e a respiração. Ana Luiza foi visitá-lo no quarto, jogaram videogame juntos na sala de estar da ala pediátrica e ela conheceu o Yoshito de pelúcia que ele levava a tira colo.
Confesso que no início, tive medo de contar para Ana Luiza que Arthur também tinha um rabdomiossarcoma e fiquei apreensiva com a reação dela ao vê-lo já tão fragilizado e com o rostinho tão deformado pelo cruel câncer. Mas achei importante que ela visse a dificuldade que tantas crianças vivenciam, pois aquilo poderia inspirá-la a ser ainda mais corajosa e valente.
Fomos até o quarto do Arthur e Ana Luiza simplesmente não se importou com nada. Não ficou impressionada, nem olhando assustada. Adorou conhecê-lo e queria, o tempo todo, que fôssemos até o quarto dele, mesmo que não conseguissem conversar nada. Ela dizia que o Arthur era a única criança do tamanho dela e mesmo que eles não pudessem brincar muito, era bom saber que ela tinha um amigo de 9 anos no hospital. Ela tinha gostado muito do Arthur e eu fiquei feliz por isso!
O neurocirurgião pediu que a enfermeira retirasse o curativo de Ana Luiza e deixasse a cabeça e a cicatriz livres. Eu estava preocupada com a reação dela, pois sempre foi muito vaidosa e desde quando foi informada da cirurgia, sua preocupação era o tamanho da cicatriz (que não era nada pequena e bonita, diga-se de passagem!).
Assim que a enfermeira tirou o curativo, Ana Luiza imediatamente pediu um espelho. Quando bateu o olho na cicatriz, começou a chorar. Notei que ela ficou muito triste mesmo! Não imaginava que fosse ficar tão grande.
Assim que a enfermeira saiu, ela chorou muito. Disse que estava com vergonha da cicatriz, que agora ela estava “muito horrível”, além de careca, tinha uma cicatriz grande e feia daquele jeito! Que todo mundo ia rir dela e etc, etc, etc...
Marcos e eu conversamos bastante com ela. Explicamos que ninguém riria dela por causa daquilo. Enfatizamos que o cabelo cresceria e logo, logo, a cicatriz ficaria escondida debaixo dele. Falamos que ela deveria estar agradecida, pois tinha apenas uma cicatriz enquanto tantas crianças já haviam perdido uma perna, um olho, uma parte do rosto, o nariz, enfim... que a cicatriz era muito pequena, diante da grande batalha que ela estava enfrentando e vencendo, com muita coragem e força.
Dissemos que ela estava de parabéns por ser tão corajosa e tentamos, o tempo todo, encorajá-la a não se sentir constrangida por causa da careca e da cicatriz. Perguntei se ela achava que o Arthur tinha vergonha do rosto dele. Eu disse que o Arthur nunca teve vergonha e nunca, ninguém riu dele por causa disso. Que a doença que eles estavam enfrentando era muito triste e as pessoas ficam muito impressionadas com a coragem, principalmente das crianças.
Ela enxugou as lágrimas e disse que queria passear pelo corredor e visitar o Arthur. Já era tarde e ele provavelmente estaria descansando, então disse a ela que iríamos somente passear pelos corredores.
Assim que ela desceu da cama e, enquanto eu calçava meus chinelos, ela virou para o Marcos e disse: “Honestamente? O meu único medo é que você não goste mais de mim e vá embora!”
Marcos tomou um susto, abraçou-a bem forte e disse que jamais a abandonaria, principalmente por causa de uma coisa dessas. Ana Luiza estava com um olhar tão triste, tadinha. E Marcos disse pra ela: “Meu amor, você é minha filha querida. Eu jamais vou sair de perto de você. Eu te amo muito do jeitinho que você é! Não fale uma bobagem dessas”. Ele correu até a pasta de documentos, pegou o Termo de Guarda e leu resumidamente pra ela: “Marcos Varella, afirmou ter vindo prestar compromisso de guardião de Ana Luiza, tendo o compromisso de prestar assistência material, moral e educacional, confiando-lhe o direito de opor-se contra terceiros e de representá-la junto aos órgão públicos. Eu sou como se fosse seu pai, Ana Luiza. E não vou embora. Eu escolhi cuidar de você e agora já temos esse papel aqui, que diz isso, entendeu?” Mal ele terminou de falar, Ana Luiza, daquele seu jeito despachado de sempre disse: “Tá bom, tá bom... Já entendi! Vamos logo passear lá fora, Puí!
E como num passe de mágica, toda sua preocupação com a cicatriz sumiu. Passeou pelos corredores numa boa, sem se importar com nada. Quem ficou de coração partido foi o Marcos, preocupado com as palavras de Ana Luiza, que demonstrou um medo de ser abandonada, que nem sabíamos que ela tinha. Marcos se emocionou muito com os sentimentos da Ana Luiza. Ele achava que ela não tinha mais esse tipo de receio e aquilo o deixou pensativo durante uns 2 dias.
Recebemos alta e fomos pra casa. Ana Luiza estava muito feliz e bem disposta. Almoçou em casa e a tarde recebeu várias visitas: seu pai biológico, que ficou com ela por 1h e o tio Alencar e tia Nalva, que ficaram conosco até a noite. Antes deles irem embora, fomos caminhando até o Habibs que fica a duas quadras do apartamento, para tomar um lanche e conversar. Ana Luiza gosta demais desses “tios tortos”, adora quando eles vem visitá-la.
Os dias em casa foram muito bons. Ana Luiza estava a cada dia melhor. Fomos a consulta de retorno com um dos neurocirurgiões, que a liberou para mais um ciclo de quimioterapia, pois a cicatrização estava perfeita.
Há mais de 1 mês sem quimioterapia os cabelos de Ana Luiza voltaram a nascer. Cílios, sobrancelhas e cabelos cresciam rapidamente. Um dia em frente ao espelho, enquanto fazia seu ritual de escovação dos dentes, Ana Luiza disse rindo: “Meu cabelo está nascendo, mas eu pareço um menino, né? Acho melhor você colocar um brinco em mim!”
Um dia recebemos a notícia que o pequeno guerreiro Arthur havia falecido. Aquilo nos abalou muito. Até escrevendo sobre esse dia, volto a me emocionar. Eu não consegui contar pra Ana Luiza. Não sabia como começar ou como explicar. Fui tomada por uma tristeza muito grande. Criei coragem e mandei uma mensagem para o celular da July, sua mãe, que respondeu dizendo: “Meu anjo agora está no Céu. Continue lutando por esse tesouro de vocês!”. Passei o dia meditando sobre a luta dessa família. Por fim, em concluí que Arthur não era nosso. Ele não era desse mundo. Sua missão na Terra havia sido completada. Ele inspirou muitas pessoas e nunca se deixou abater. Lutou até o último minuto, com muita dignidade e rodeado de amor. Ele estava agora, ao lado do Pai e sem dúvidas não sentia mais dores e desconfortos.
Na véspera da quimioterapia, resolvemos fazer um passeio até o litoral. Convidamos a Bia (adolescente amazonense, que está lutando contra um câncer na perna e fez cirurgia alguns dias depois de Ana Luiza), sua mãe, sua tia (postiça) Helena e Larissa, sua filha. Dois amigos que tem estado presente em nossos dias em SP, Germano e Guillermo também foram conosco. Tinha tudo para ser um passeio ecológico ao litoral de SP, mas terminou sendo um “passeio oncológico”, daqueles que ninguém entra no mar, apenas toma uma leve brisa, almoça e volta pra casa. Mas valeu a pena. Sempre vale a pena e isso fortalece Ana Luiza, que mesmo não podendo se divertir como uma criança saudável, aproveita como pode e volta pra casa animada e esperando o próximo passeio.
Ela dormiu tranquila e no dia seguinte, recomeçava nossa luta.
Deixei a pequena dormir mais um pouco e apesar do cansaço, acordei grata por tantas notícias maravilhosas e feliz porque finalmente Marcos estava chegando de Manaus.
Assim que ele abriu a porta do apartamento, carregando a mala e a caixa de guaraná Baré – pedido especial da Ana Luiza - ela ouviu a porta e acordou na mesma hora. Ela estava com saudades e deu aquele abraço apertado no “puí”, como ela o chama.
Marcos não é apenas meu marido e o padrasto da Ana Luiza. Nos conhecemos quando ela tinha 2 anos de idade e desde então ele é pessoa que tem estado conosco em todos os momentos, sempre cuidando da gente e demonstrando muito orgulho de nós duas. Ele largou tudo em Belo Horizonte para fazer uma família em Manaus. Casou com uma mãe solteira de 20 e poucos anos, que àquela altura já tinha aceitado encarar a vida sozinha com a filha.
Na minha cabeça, ter conseguido me formar regularmente mesmo grávida e ter arrumado um excelente emprego imediatamente após a formatura, já era o suficiente para eu agradecer eternamente a Deus. Quem é mãe solteira (ou já foi), vai me entender: Com o desafio de criar e sustentar um filho, encontrar um cara sério, disposto a formar uma família, fica em segundo plano. Por mais piegas que possa parecer, formamos uma família simplesmente feliz, cada um relevando os defeitos do outro e tentando viver sempre em harmonia, com muito respeito mútuo e principalmente bom humor.
Temos nossos planos e batalhamos juntos para conseguir realizar todos eles. Antes de tudo isso começar, Marcos e eu estávamos trabalhando bastante para finalmente comprar nossa casa própria. Em diversas ocasiões ficamos tentados a fechar negócio, principalmente porque eu estava trabalhando em duas empresas e meu salário tinha melhorado bastante, mas Marcos sempre teve o pé atrás. Parece que pressentia que as economias poderiam servir para outra finalidade. Ele, definitivamente, é nosso anjo da guarda e sou muito grata por ter encontrado uma pessoa tão bacana para compartilhar a vida.
Hoje, ele tem nos sustentado integralmente aqui em SP e tem mantido nossa casa em Manaus. Estou em licença não-remunerada, o que diminuiu pela metade nossos ganhos. Mas os gastos duplicaram, afinal são duas casas para manter. Temos tido muitos gastos, mas Marcos mantém tudo religiosamente registrado e por curiosidade, um dia somamos todos os nossos gastos até agora. Tomamos um baita susto: realmente um tratamento desses não é fácil, muito menos barato. Mas felizmente nunca nos faltou nada.
Marcos tem cumprido muito mais do que sua responsabilidade. E isso também vai muito além de consideração e respeito. Marcos cuida da gente de verdade. Essa situação toda, tem nos fortalecido ainda mais como família. E serei sempre grata a Deus por isso também.
O final de semana foi muito bom. Meu pai e minha irmã também estavam chegando para a cirurgia de Ana Luiza. Mas àquela altura, muita gente já tinha ligado e perguntado: “Mas os médicos tem certeza que viram alguma coisa? Essa cirurgia é realmente necessária?” Outras pessoas afirmavam sem titubear: “Eles vão fazer essa cirurgia por desencargo de consciência. Não tem mais nada lá, Carol. Você vai ver.”
No fundo eu torcia para que todas elas estivessem certas. Por um momento, quis confrontar todos aqueles médicos e questionar suas decisões, mas desde o início eu tinha pedido a Deus que iluminasse a cabeça e as mãos de cada um dos profissionais que estavam cuidando da minha pequena. Eu precisava confiar e crer nisso. E eu entendia a vontade de Deus se manifestando nas decisões da equipe médica.
No dia da cirurgia, Ana Luiza estava tranquila. Fomos para o hospital cedo e ela iniciou o jejum às 9h da manhã, a cirurgia estava agendada para às 18h. Ainda de manhã, recebemos a visita do João Vitor, seu amigo de escola. Ele tinha sido o par de Ana Luiza, na festa junina da escola. Uma graça de criança. Educado e muito carinhoso com ela. A pequena adorou a visita e os dois brincaram pelo corredor do 5º andar.
Obviamente, Marcos e eu estávamos uma pilha de nervos. Ansiedade, medo, preocupação. As horas não passavam. Chegava 19h, mas não chegava 18h. Na minha cabeça ficavam martelando todos os riscos de uma cirurgia desse porte. Não tirava da cabeça as possíveis sequelas – quase certas – segundo os médicos. Amigos nossos, já acostumados a lidar com crianças que retornavam de neurocirurgias em Manaus, demonstraram sua preocupação: “Ela voltam cheias de sequelas, muito debilitadas, com dor forte, hematomas e edemas. Não é fácil mesmo.” A preocupação se misturava com a esperança e a fé de que Ana Luiza estava sendo protegida por Deus e que teria forças para enfrentar o pós-cirúrgico difícil.
Eu evitava criar expectativas positivas, pois não queria me frustrar e principalmente frustrar meus pais. Mas continuava torcendo e pedindo muito a Deus, que ele cuidasse dela especialmente naquele dia.
Faltando 15 minutos para as 18h, a enfermeira veio trazer uma dose de um sonífero potente, que em poucos minutos a deixaria sonolenta. Ela pediu que eu desse o remédio e a vestisse com a camisola do Centro Cirúrgico, pois as enfermeiras viriam buscá-la.
O quarto do hospital estava lotado de pessoas que vieram nos dar forças. Meu pai, minha irmã Camila, minha mãe, Marcos, Cynthia e Simone. Assim que a enfermeira saiu, Ana Luiza tomou o remédio e começou a chorar. Todo mundo falando ao mesmo tempo, tentando acalmá-la, só deixava-a mais nervosa. Ela me arrastou até o banheiro, fechou a porta, segurou meu rosto e chorando disse: “Estou com muito medo, mamãe! Muito mesmo! Por favor, mamãe! Fala com o Sérgio que eu não preciso dessa cirurgia. Eu estou com muito, muito medo. Eu até já pedi pro Papai do Céu me ajudar a ser forte, mas eu estou com muito medo, mesmo! Eu não quero ir pra aquele lugar horroroso, onde faz a cirurgia. Eu vou ficar com um corte grande na cabeça e todo mundo vai rir de mim”.
Me controlei MUITO para não chorar e deixá-la ainda mais preocupada. Enxugando suas lágrimas eu disse que a cirurgia era necessária, que ela não sentiria nada, pois estaria dormindo. Que a mamãe estaria com ela o tempo todo e o Papai do Céu estava cuidando de tudo. Disse que ela era forte e muito corajosa e que ninguém iria rir dela por causa de uma cicatriz. Pelo contrário, todo mundo ia ficar impressionado com a coragem dela.
Não adiantou nada. Ela estava inconsolável. Chorava aquele choro dolorido, magoado, soluçado. Fiquei com vontade de sair correndo, mas respirei fundo, troquei a roupinha dela, saímos do banheiro e Marcos a abraçou forte, enquanto eu vestia a roupa de acompanhante do Centro Cirúrgico. A enfermeira chegou para nos buscar e ela pediu que Marcos fosse junto até o 9º andar. Meus pais e minha irmã estavam entalados. Parecia que se abrissem a boca, cairiam em prantos. Tentavam se segurar de todos os jeitos, mas os olhos não mentem.
Ana Luiza deitou na maca (e nada de sono!!) e fomos até o elevador. Chegando no 9º andar, Marcos se despediu dela, deu um beijo grande e suando de nervosismo voltou para o quarto. Eu segui de mãos dadas com ela até a sala de indução anestésica.
Chegando lá, ela já estava mais calma (efeito do remédio, creio eu). Abracei-a fortemente, disse que a amava muito e que tudo daria certo. A enfermeira do setor perguntou que horas ela tinha tomado o indutor do sono e achou estranho ela ainda estar acordada. Muito simpática, puxou conversa com Ana Luiza, para tentar acalmá-la. Procurou nas gavetas e lhe deu 3 abaixadores de língua que também eram apitos e tinham cheirinho de chiclete. Ela percebeu que todas as enfermeiras usavam toucas coloridas e uma delas trouxe uma touca rosa florida. Ana Luiza adorou os paparicos.
A enfermeira perguntou sobre os exames de Ana Luiza e eu, por causa do nervosismo, havia esquecido tudo no quarto. Liguei para o Marcos, do telefone da enfermeira e pedi que ele trouxesse tanto os exames, quanto um celular, pois eu estava incomunicável e imaginava a angustia deles, aguardando notícias.
Marcos trouxe tudo, protocolei a entrega dos exames (um calhamaço de papéis) e fiquei tirando fotos da pequena e das enfermeiras. Ela até gravou uma mensagem de vídeo para a vovó: “Vó, quero que você fique calma, tá? Eu estou bem tranquila e vai dar tudo certo!” Ela dizia no vídeo, quase que adivinhando o choro desesperado da vovó...
Mas depois de 50 minutos na indução anestésica, Ana Luiza ainda não tinha dormido. O sonífero não fez nem cócegas na pequena. Os anestesistas vieram e disseram que a sala de cirurgia estava pronta e a equipe já estava toda lá. Eles permitiram que eu ficasse com ela, até ela cair no sono.
A sala de cirurgia ficava no final do longo corredor e era bem grande, mas estava LOTADA. Consegui contar 12 pessoas, entre médicos e instrumentistas. Mas ainda chegava gente. Achei muito estranho tudo aquilo: “Pra que tanta gente, meu Deus?” Pensei eu. Mas assim que chegamos em frente a sala, Ana Luiza já foi logo perguntando pros médicos: “Vocês tem certeza que sabem o que estão fazendo, né? Olha lá!!” Eu dei um sorriso nervoso, pois naquele momento, não conseguia nem pensar direito.
Respirei fundo, entrei na sala ajudando a enfermeira empurrar a maca e eu mesma posicionei Ana Luiza na mesa de cirurgia. Um dos anestesistas pediu que eu segurasse a máscara com o “cheirinho” e aguardei poucos segundos até ela perder a consciência. Beijei seu rosto e sua cabeça, enquanto a equipe colocava os eletrodos para a monitoração. A vontade de chorar desesperadamente era enorme. Uma angústia no peito, uma vontade de que aquilo fosse apenas um sonho. Minha menina, minha filha única, linda, inteligente, bem humorada, obediente, estava lá. Deitada e sendo manipulada pela equipe numa mesa de cirurgia.
O cirurgião responsável me chamou, me apresentou o médico que estaria monitorando exclusivamente os pares de nervos cranianos, na tentativa de preservá-los, evitando a paralisia do olho esquerdo.
Eu apertei forte a mão dos médicos e pedi que cuidassem bem dela. Apenas isso. Não conseguia falar mais nada. Se falasse uma palavra a mais, desabaria em choro. Eles também não falaram nada. E muito sérios apenas consentiram com a cabeça. Eu não sei se aquilo era motivo pra me preocupar ou não. Mas no momento em que saí da sala de cirurgia, não consegui me conter. Abaixei a cabeça e comecei a chorar, pedindo que Deus a protegesse e guiasse a mãos dos médicos.
Nesse momento, uma senhora por volta dos seus 50 anos, toca meu ombro e me dá um forte abraço. Ela diz que é a instrumentista do cirurgião responsável e que cuidaria da minha filha com muito amor. “Fique despreocupada, mãe. Sua filha está sendo assistida por excelentes médicos e eu, pessoalmente, ficarei ao lado dela o tempo todo, ok?”
Fui andando por todo aquele enorme corredor até chegar ao elevador. Chorei muito. Medo, impotência, nervosismo. Mas ao pisar no 5º andar enxuguei as lágrimas e tentei passar tranquilidade, principalmente para os meus pais. Quem estava cuidando da minha filha, desde o início, era Deus. Eu precisava entender isso de uma vez por todas!
Mostrei as fotos e o vídeo de Ana Luiza. Contei que ela estava supertranquila e que a sala estava lotada. Tentei demonstrar que não havia nada com o que se preocupar. Mas numa situação dessas, é quase impossível.
Fizemos um momento de meditação e orações, comandados por Marcos. Ele leu alguns trechos da bíblia, enfatizou a importância de sermos gratos e de entendermos nosso papel na Terra. Ao final, eu fiz uma longa oração e de mãos dadas, agradecemos a Deus. Por horas, ficamos conversando e tentando distrair uns aos outros. Passamos notícias aos inúmeros amigos do twitter e facebook, que também se mantinham em oração e torcendo pelo sucesso da cirurgia. A corrente em favor de Ana Luiza era enorme e aquilo nos fortalecia.
Apesar da ansiedade, inacreditavelmente eu consegui me acalmar. Mas após quase 4h de cirurgia, comecei a ficar nervosa novamente. Fui até o posto de enfermagem para saber se tínhamos como ter alguma notícia do Centro Cirúrgico. A enfermeira, com toda serenidade, disse que assim que a cirurgia terminasse, o médico ligaria avisando e pedindo que a gente subisse para conversar.
E haja andar de um lado para o outro, tentar conversar sobre outro assunto, ver televisão. Nada diminuía a nossa ansiedade. Marcos suando igual uma chaleira e eu roendo até os cotovelos.
Após quase 5 horas de cirurgia, o médico finalmente ligou para o 5º andar e pediu que fôssemos conversar com ele no Centro Cirúrgico. Marcos e eu saímos correndo desesperados até o elevador. Chegando lá, avisamos o enfermeiro que o Dr. Sérgio nos aguardava.
Após alguns minutos, ele apareceu. Bastante suado e com um sorriso no rosto, o neurocirurgião disse: “Que lugarzinho difícil de acessar, hein??” Marcos riu. Eu continuava séria. Nervosismo puro.
O neurocirurgião continuou explicando e disse que a cirurgia tinha sido um sucesso. Que os nervos foram preservados e que conseguiram remover completamente todo o resíduo tumoral que estava no ápice petroso (base do crânio). Apesar de ser um local de difícil acesso, não houve sequelas e a cirurgia representava um salto no tratamento, que a colocava em posição de vantagem na luta contra o câncer.
Ele disse ainda que o material retirado foi enviado para biópsia e Ana Luiza ficaria na UTI (provavelmente de 1 a 2 dias), até estar em condições de voltar ao quarto e que receberia alta em uma semana.
Agradecemos o médico e voltamos para o 5º andar com um sorriso de orelha a orelha. Explicamos tudo aos meus pais, avisamos os amigos pela internet, fizemos algumas ligações, agradecemos a Deus e logo em seguida a enfermeira nos avisou que Ana Luiza já estava sendo encaminhada para a UTI.
Lá fomos nós novamente. Chegando na UTI pediátrica, encontramos a equipe médica saindo do Box de Ana Luiza. Eles nos cumprimentam rapidamente e avisam: “Corram, que ela está acordando e está MUITO chateada”.
Ao entrar no Box, Ana Luiza gritava aborrecida: “Cadê minha mãe?!? Vocês esconderam minha mãe!! Ela tem o DIREITO de estar aqui, viu?!?! Cadê minha mãe!!!! Eu quero minha mãe!” As enfermeiras riram e uma delas disse: “Vem logo mãe, senão ela vai processar o hospital!!”
Parei ao lado dela, segurei sua mãozinha e disse que ficaria com ela a noite toda. “Mamãe tá aqui, filha. Pode ficar tranquila. O papai tá aqui também e vamos ficar com você, tá bom? Não precisa chorar, mamãe está aqui ao seu ladinho!” Eu tentava acalmá-la sem sucesso.
Ela soluçava de tanto chorar, mas o médico intensivista, nos explicou que era normal, em virtude do efeito da anestesia. Que ela estava acordando e frequentemente os pacientes acordavam muito agitados, falando coisas desconexas e que a gente não se assustasse com aquilo.
Fiquei de mãos dadas com ela o tempo todo e Marcos tentava acalmá-la. Ela estava agitada, mas eu sabia que ela estava bem: Dando patada nas enfermeiras e dizendo que os médicos não sabiam de nada, era a Ana Luiza de sempre! Mas finalmente ela cedeu. Parou de chorar e se acalmou. Marcos voltou pra casa com meus pais e eu fiquei na UTI com Ana Luiza durante a madrugada.
Apesar do cansaço, custei a dormir. Toda hora verificando se ela estava bem (apesar dos monitores servirem pra isso). Mas ela dormia tranquila e por volta das 2h30min da madrugada eu finalmente dormi. As 6h30min da manhã, o neurocirurgião veio visitá-la (sim, isso existe! Médico visitando paciente às 6h da madrugada!). Ana Luiza estava dormindo, mas ele disse que ela passou a noite muito bem e que ela faria uma tomografia ainda pela parte da manhã. Se continuasse tudo bem, receberia alta por volta das 13h.
A pequena acordou às 10h da manhã e super bem. Nada de edemas, nada de sequelas, nada de hematomas. Brigou com a enfermeira que colocou fralda nela, argumentou pra refazer o curativo, disse que não precisava tomar banho, principalmente na cama!! Falando muito e cheia de razão era óbvio que ela estava bem mesmo.
Fomos até o setor de imagem para que ela fizesse a tomografia e ainda se sentindo insegura por causa do curativo na cabeça, ajudei ela se posicionar melhor. Mas deu tudo certo e voltamos para a UTI. Ela disse que estava com fome e a enfermeira disse que o almoço dela já estava chegando. Mas ela já foi logo disparando: “Almoço? Mas eu nem tomei café da manhã ainda!! Não tem como você conseguir pelo menos um mingauzinho, pelo amor de Deus?” A tia, morrendo de rir das caras e bocas da pequena, conseguiu “um mingauzinho” e ela tomou todo.
Ainda pela parte da manhã, o oncologista veio visitá-la e surpreso com o aspecto geral da pequena, foi logo falando: “Nossa, Ana Luiza! Você está ótima! Muito bem, mesmo! Nem parece que fez cirurgia...” A pequena foi logo fulminando: “Não parece, porque não foi na sua cabeça, né! Foi na minha!”
Todo mundo caiu na gargalhada, inclusive a própria Ana Luiza. O médico sempre gostou das respostas “na lata” que ela dava e ficou realmente surpreso com a recuperação da cirurgia. Ela recebeu alta da UTI, tendo ficado apenas 12h por lá, quando o previsto era pelo menos uns 2 dias.
Chegou no 5º andar e as técnicas de enfermagem vieram paparicá-la. A enfermeira responsável, tinha determinado que Ana Luiza seria acompanhada por sua profissional preferida, a tia Lu. Ana Luiza adorava a tia Lu e a enfermeira chefe, já experiente e imaginando que a pequena voltaria da cirurgia muito chorosa, com dor e difícil de manipular, achou que a Ana Luiza aceitaria melhor a presença da tia preferida.
Tia Lu veio checar os sinais vitais e ficou impressionada: “Olha mãe, a gente está acostumada a receber pacientes da neurocirurgia e as crianças sempre voltam muito fragilizadas. Sempre muito inchadas, cheias de hematomas, com muita dor, sempre muito chorosas. Trabalho nesse hospital há anos e nunca tinha visto uma criança voltar de uma neurocirurgia assim! Ela está bem demais! Isso é coisa de Deus, viu?”
Ana Luiza ficou super bem. Pedalou no “trator” da ala pediátrica, foi para a escolinha, brincou, contou piada, enfim... estava se sentindo muito bem, mas eventualmente relatava dor de cabeça e um leve enjoo.
No dia seguinte ã alta da UTI, o pai biológico dela veio visitá-la dois depois da cirurgia, mas assim que ele entrou no quarto, Ana Luiza reclamou do perfume forte e pediu que ele tomasse um banho e voltasse depois. Todos nós demos risadas, pois a pequena realmente não tem papas na língua. Ele ficou poucos minutos com ela e saiu, dizendo que voltaria depois e “sem perfume”, para não enjoá-la. Naquele dia, ela apresentou vômitos, mas os médicos nos tranquilizaram dizendo que era normal, se isso ocorresse até 72hs depois de um procedimento. De qualquer modo, seu pai biológico preferiu visitá-la somente no dia que ela recebeu alta, já estando em casa.
Mas alguns dias antes de receber alta, Ana Luiza conheceu o Arthur Amorim, lindo menino de 9 anos, que também lutava contra um rabdomiossarcoma. Diferente de Ana Luiza, ele combatia uma doença sem metástases e quando chegou ao hospital A C Camargo, foi dito à sua família que ele tinha 90% de chances de cura pois a doença estava no início e não havia se espalhado.
Infelizmente, após 2 anos de tratamento, depois de várias cirurgias e quimioterapia com diversas drogas, Arthur havia sido colocado no tratamento paliativo, ou seja, o câncer não regredia e não havia mais nenhum tipo de tratamento que pudesse lhe proporcionar a remissão da doença.
Eu já conhecia a história do Arthur, o menino superinteligente que sabia tudo sobre dinossauros e que era muito amado pela famílias e amigos. Tinha visto sua entrevista no Jô Soares, um sonho que havia se tornado realidade, onde ele falou sobre sua paixão por dinossauros e sobre o primeiro livro: As aventuras de Yoshito, o personagem dinossauro que ele criou. O Arthur definitivamente não era desse mundo. Chorei de emoção ao ver sua força e vontade de viver.
Durante a internação de Ana Luiza, finalmente conhecemos o Arthur e sua família pessoalmente. Sua mãe, a July, nos contou como tudo começou, as indas e vindas do tratamento. A fé inabalável do pequeno e de sua família, as dificuldades vencidas, enfim. Foi uma conversa muito boa e senti o grande amor da July, por seu pequeno Arthur e como essa doença nos torna grandes, ao invés de pequenos.
O tumor no rosto dele cresceu muito e já tomava parte de sua boca, o que dificultava a fala, a alimentação e a respiração. Ana Luiza foi visitá-lo no quarto, jogaram videogame juntos na sala de estar da ala pediátrica e ela conheceu o Yoshito de pelúcia que ele levava a tira colo.
Confesso que no início, tive medo de contar para Ana Luiza que Arthur também tinha um rabdomiossarcoma e fiquei apreensiva com a reação dela ao vê-lo já tão fragilizado e com o rostinho tão deformado pelo cruel câncer. Mas achei importante que ela visse a dificuldade que tantas crianças vivenciam, pois aquilo poderia inspirá-la a ser ainda mais corajosa e valente.
Fomos até o quarto do Arthur e Ana Luiza simplesmente não se importou com nada. Não ficou impressionada, nem olhando assustada. Adorou conhecê-lo e queria, o tempo todo, que fôssemos até o quarto dele, mesmo que não conseguissem conversar nada. Ela dizia que o Arthur era a única criança do tamanho dela e mesmo que eles não pudessem brincar muito, era bom saber que ela tinha um amigo de 9 anos no hospital. Ela tinha gostado muito do Arthur e eu fiquei feliz por isso!
O neurocirurgião pediu que a enfermeira retirasse o curativo de Ana Luiza e deixasse a cabeça e a cicatriz livres. Eu estava preocupada com a reação dela, pois sempre foi muito vaidosa e desde quando foi informada da cirurgia, sua preocupação era o tamanho da cicatriz (que não era nada pequena e bonita, diga-se de passagem!).
Assim que a enfermeira tirou o curativo, Ana Luiza imediatamente pediu um espelho. Quando bateu o olho na cicatriz, começou a chorar. Notei que ela ficou muito triste mesmo! Não imaginava que fosse ficar tão grande.
Assim que a enfermeira saiu, ela chorou muito. Disse que estava com vergonha da cicatriz, que agora ela estava “muito horrível”, além de careca, tinha uma cicatriz grande e feia daquele jeito! Que todo mundo ia rir dela e etc, etc, etc...
Marcos e eu conversamos bastante com ela. Explicamos que ninguém riria dela por causa daquilo. Enfatizamos que o cabelo cresceria e logo, logo, a cicatriz ficaria escondida debaixo dele. Falamos que ela deveria estar agradecida, pois tinha apenas uma cicatriz enquanto tantas crianças já haviam perdido uma perna, um olho, uma parte do rosto, o nariz, enfim... que a cicatriz era muito pequena, diante da grande batalha que ela estava enfrentando e vencendo, com muita coragem e força.
Dissemos que ela estava de parabéns por ser tão corajosa e tentamos, o tempo todo, encorajá-la a não se sentir constrangida por causa da careca e da cicatriz. Perguntei se ela achava que o Arthur tinha vergonha do rosto dele. Eu disse que o Arthur nunca teve vergonha e nunca, ninguém riu dele por causa disso. Que a doença que eles estavam enfrentando era muito triste e as pessoas ficam muito impressionadas com a coragem, principalmente das crianças.
Ela enxugou as lágrimas e disse que queria passear pelo corredor e visitar o Arthur. Já era tarde e ele provavelmente estaria descansando, então disse a ela que iríamos somente passear pelos corredores.
Assim que ela desceu da cama e, enquanto eu calçava meus chinelos, ela virou para o Marcos e disse: “Honestamente? O meu único medo é que você não goste mais de mim e vá embora!”
Marcos tomou um susto, abraçou-a bem forte e disse que jamais a abandonaria, principalmente por causa de uma coisa dessas. Ana Luiza estava com um olhar tão triste, tadinha. E Marcos disse pra ela: “Meu amor, você é minha filha querida. Eu jamais vou sair de perto de você. Eu te amo muito do jeitinho que você é! Não fale uma bobagem dessas”. Ele correu até a pasta de documentos, pegou o Termo de Guarda e leu resumidamente pra ela: “Marcos Varella, afirmou ter vindo prestar compromisso de guardião de Ana Luiza, tendo o compromisso de prestar assistência material, moral e educacional, confiando-lhe o direito de opor-se contra terceiros e de representá-la junto aos órgão públicos. Eu sou como se fosse seu pai, Ana Luiza. E não vou embora. Eu escolhi cuidar de você e agora já temos esse papel aqui, que diz isso, entendeu?” Mal ele terminou de falar, Ana Luiza, daquele seu jeito despachado de sempre disse: “Tá bom, tá bom... Já entendi! Vamos logo passear lá fora, Puí!
E como num passe de mágica, toda sua preocupação com a cicatriz sumiu. Passeou pelos corredores numa boa, sem se importar com nada. Quem ficou de coração partido foi o Marcos, preocupado com as palavras de Ana Luiza, que demonstrou um medo de ser abandonada, que nem sabíamos que ela tinha. Marcos se emocionou muito com os sentimentos da Ana Luiza. Ele achava que ela não tinha mais esse tipo de receio e aquilo o deixou pensativo durante uns 2 dias.
Recebemos alta e fomos pra casa. Ana Luiza estava muito feliz e bem disposta. Almoçou em casa e a tarde recebeu várias visitas: seu pai biológico, que ficou com ela por 1h e o tio Alencar e tia Nalva, que ficaram conosco até a noite. Antes deles irem embora, fomos caminhando até o Habibs que fica a duas quadras do apartamento, para tomar um lanche e conversar. Ana Luiza gosta demais desses “tios tortos”, adora quando eles vem visitá-la.
Os dias em casa foram muito bons. Ana Luiza estava a cada dia melhor. Fomos a consulta de retorno com um dos neurocirurgiões, que a liberou para mais um ciclo de quimioterapia, pois a cicatrização estava perfeita.
Há mais de 1 mês sem quimioterapia os cabelos de Ana Luiza voltaram a nascer. Cílios, sobrancelhas e cabelos cresciam rapidamente. Um dia em frente ao espelho, enquanto fazia seu ritual de escovação dos dentes, Ana Luiza disse rindo: “Meu cabelo está nascendo, mas eu pareço um menino, né? Acho melhor você colocar um brinco em mim!”
Um dia recebemos a notícia que o pequeno guerreiro Arthur havia falecido. Aquilo nos abalou muito. Até escrevendo sobre esse dia, volto a me emocionar. Eu não consegui contar pra Ana Luiza. Não sabia como começar ou como explicar. Fui tomada por uma tristeza muito grande. Criei coragem e mandei uma mensagem para o celular da July, sua mãe, que respondeu dizendo: “Meu anjo agora está no Céu. Continue lutando por esse tesouro de vocês!”. Passei o dia meditando sobre a luta dessa família. Por fim, em concluí que Arthur não era nosso. Ele não era desse mundo. Sua missão na Terra havia sido completada. Ele inspirou muitas pessoas e nunca se deixou abater. Lutou até o último minuto, com muita dignidade e rodeado de amor. Ele estava agora, ao lado do Pai e sem dúvidas não sentia mais dores e desconfortos.
Na véspera da quimioterapia, resolvemos fazer um passeio até o litoral. Convidamos a Bia (adolescente amazonense, que está lutando contra um câncer na perna e fez cirurgia alguns dias depois de Ana Luiza), sua mãe, sua tia (postiça) Helena e Larissa, sua filha. Dois amigos que tem estado presente em nossos dias em SP, Germano e Guillermo também foram conosco. Tinha tudo para ser um passeio ecológico ao litoral de SP, mas terminou sendo um “passeio oncológico”, daqueles que ninguém entra no mar, apenas toma uma leve brisa, almoça e volta pra casa. Mas valeu a pena. Sempre vale a pena e isso fortalece Ana Luiza, que mesmo não podendo se divertir como uma criança saudável, aproveita como pode e volta pra casa animada e esperando o próximo passeio.
Ela dormiu tranquila e no dia seguinte, recomeçava nossa luta.
Sinto muito orgulho de pertencer a raça humana quando me deparo com pessoas como vcs, tenho um CA se Ovário e a cirurgia, as quimios, a perda da aparência que vc conhece, são processos muito dolorosos e imagino numa criança, lidar com tudo isso, sua Pequena é Grande demais!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirQuerida Carol,querido Marcos,Linda princesa AnaLuiza,todas essas lutas ,com certeza ñ foram colocadas nas suas vidas pelo Deus de amor,mas Ele as permitiu pq conhecia os seus corações e sabia da garra q os move.Talvez vcs ñ tenham a real dimensão do q essa vivência de vcs e estes relatos vão efetuar na vida de muitas pessoas.Vidas serão salvas p terem se fortalecido na vitória e no exemplo q vcs estão dando;pessoas ñ sucumbirão a dor e ao desespêro pq lembrarão do q vcs suportaram e venceram;os q nunca tiveram fé,na hora da provação,vão crer e serão salvos...Uma grande obra no mundo espiritual será realizada,sem q vcs tenham consciência disso,através dessas lágrimas q vcs derramaram,através das dores físicas e emocionais q vcs suportaram!
ResponderExcluirOs tempos são maus e as pessoas descrentes de tudo,e ao Pai ,q quer resgatar esses filhos ,antes q se percam irremediavelmente,aprouve escolher e usar o coração guerreiros de vcs para realizar grande parte dessa Obra.
Há festa no céu por cada vitória alcançada por vcs!E o Senhor vai retribuir c muitas alegrias e grandes conquistas a disponibilidade e a fé q vcs demonstraram nessas batalhas para q o Nome Dele fosse glorificado!
Preparem-se!Chuvas de bençãos,sem medidas inundarão a vida de vcs e dos seus amados!
Continuo ao lado de vcs!Orando nas madrugadas p q o Senhor esteja á frente das batalhas!
Parabéns!O exemplo de fé coragem e persistência q vcs estão dando ao mundo,por muito tempo ecoará nos corações,e mudará a vida de milhares de pessoas!
Beijos no coração de vcs!!!
Carinhosamente
INEZ LEITE
Cássia,
ResponderExcluirObrigada pelas palavras e força pra vc tb, minha amiga! Tenha fé e coragem que logo sua luta tb vai ter fim, assim como a nossa tb terá.
Inez,
ResponderExcluirVc foi um presente de Deus em meio a essa luta que estamos travando. Saber que existe uma pessoa com tamanho amor por nós, nos deixa muito felizes. Quero muito que nossa luta ajude outras pessoas a encontrarem o verdadeiro sentido da vida. Que meus relatos ajudem outras mães e pessoas a encarar essa guerra com fé. Não tem sido fácil. Desde o início até agora, me sinto pequena e impotente, mas sei q tudo isso tem um objetivo e logo, nossa vida voltará a ser "normal" e essa doença não passará de uma batalha vencida.
Essa pequena é muito iluminada e, com certeza, uma menina especial, forte e corajosa.
ResponderExcluirMuita força para vcs e que Deus continue lhes abençoando muito!!
Vocês estão em minhas orações. No dia da cirurgia pensei muito nela enviando energia positiva e rezei bastante!
Fico muito feliz de saber que deu tudo certo!
Um beijo
Carol,
ResponderExcluirTodos os outros posts foram dedicados ao nosso Pai, Deus. Mas acredito que esse tenha sido na sua essencia, dedicado ao Marcos, com todo o merecimento. Desde muito antes dessa fase chegar, percebíamos o amor que ele tinha e tem por você e pela Pequena. Por trás da cara de durão, das regras sempre impostas com o intuito de educar Ana Luiza, existe um coração enorme. Perceba que até nisso Deus já estava ao seu lado... pois, conhecendo a raça humana, sabemos que é muito difícil alguém aceitar "tão facilmente" se unir a uma mãe solteira. Quem lhe conhece sabe a pessoa que vc é, inteligente, amiga e acima de tudo guerreira, mas existem aqueles mais preocupados com que os outros vão pensar do que com seus próprios sentimentos, e Marcos definitivamente não é uma dessas pessoas. Fico feliz que essa situação também está servindo para fortalecer ainda mais o casal, porque o amor, nos já víamos que existia há muito tempo! Bjão
Carol cheguei ao seu blog pela entrevista do Arthur e hj lendo seu blog e vendo que ele se foi fikei muito triste pela familia dele e ao mesmo tempo tento pensar no quanto esse pequeno estava sofrendo e agora esta curado e nos bracos do Pai... fikei tb muito feliz pela nossa pequena guerreira, que passou por + está, que Deus continue abencoando vcs, que sua mao poderosa seja sobre a vida de vcs, dê muitos bjos nossos nessa pequena e diga ao Marcos que ele é um exemplo de pai e de marido, que Deus o conserve assim... forca querida logo esse blog vira um livro com final e feliz a Lu ainda vai dar muitos testemunhos do amor, do poder e do querer de Deus !!!
ResponderExcluirFernanda,
ResponderExcluirObrigada pelo carinho e por estar compartilhando desse momento conosco.
Mike,
O Arthur é uma criança linda e verdadeiramente iluminada. Está na presença do Pai, cuidando de sua família, que lutou até o ultimo minuto, com muito amor, força e garra.
Frida,
O Marcos é aquela "praga véia" de sempre... kkk Sem dúvidas esse texto é, de certa forma, uma homenagem a ele. As regras, as chatices, as quadradices, tudo isso é muito pequeno diante do amor que temos como família. Tenho muito orgulho dele e isso é apenas o começo de um longa história... =D Bjos pra vc! Saudades!!
Querida, continue crendo que o Pai todo Poderoso esta fazendo uma obra maravilhosa nesta crianca, que tem uma missao toda especial nesta vida, a comecar pela sua familia. Esta forca nao vem do ser humano, vem do Senhor e esta com sua filhinha.Louvado seja o Nome de Jesus! Um beijo.Lucia
ResponderExcluiroi Carol....
ResponderExcluirestamos muito felizes com as noticias,que Ana Luiza é uma Grande criança,exemplo de força,sabedoria e esperança.Continuamos com as orações todos os dias e muito felizes com a sua recuperação.Beijos e muita fé,coragem e força.karla e Ana Beatriz.
Carol,
ResponderExcluirLer o seu blog é sempre emocionante. Simplesmente não consigo conter as lagrimas enquanto leio, suas palavras nós tocam de uma forma inexplicavel...
Ver a força que a pequena eem mostrado é simplesmente sensacional, sempre tive certeza de Deus operaria um milagre e foi o que ele fez, a recuperação dela foi simplesmente impressionante, e eu mesmo não a conhecendo fico super, mega feliz...
Pois to aki na torcida para que tudo termine bem...
De um beijo na pequena por mim e diga que ela esta de parabens pela força que tem nos mostrado...
Bjso Carol e Marcos
Carol,
ResponderExcluirtenho acompanhado os sucessos e as bençãos de Deus na tua familia através do blog. Não nos conhecemos mas dioturnamente tenho pedido a Deus por nossos filhos (meus, sua princesa, meus sobrinhos e as filhas do Sergio Freire e da Bia que só conheço virtualmente). Manaus tem sido assolada pelop Dengue e estamos vigilantes em função disso.
Um grupo de mães da minha igreja (Primeira Igreja Batista de Manaus) tem orado por sua filha e vcs para que Deus renove tuas forças e fortaleça tua fé.
Deus continue te abençoando!
Te Amo no amor de Cristo!
Lucia,
ResponderExcluirCom toda certeza, a força que temos demonstrado não vem de nós. E agradeço todos os dias, pelas benção de Deus.
Ely Karla,
Obrigada pelo carinho e pelas orações. Fico muito feliz e agradecida pelo lindo de gesto de carinho.
Daniele,
Escrever tira um peso enorme do meu coração e me ajuda a pensar melhor sobre tudo que tem acontecido conosco. Tenho certa facilidade pra escrever e isso me ajuda nos momentos em que não consigo dormir... Mas Ana Luiza é realmente uma criança cercada de muito amor, inclusive de pessoas que ela não conhece. Obrigada pelo apoio e pela força que tem nos dado. Um forte abraço.
A Ana é linda mesmo. Muuuuto inteligente, espirituosa, engraçada e fofa ! Acho ela o máximo ! :D
ResponderExcluirDesde o início Deus tomou a frente deste tratamento, e disse: Deixa que da Ana Eu resolvo... kkk E, Ele além de tomar conta da Ana, tomou conta de todos vcs, dando força, e paciência!
O tempo foi passando, e a cada dia desta luta, foram chegando as vitórias...
É emocionante ver o poder de Deus tão de perto!
Continuamos em oração... e vamos comemorar a total cura da Ana em breve !
Fiquem com Deus. Um beijão especial na Aninha...
E para vc e para o papai Marcos somente posso dizer PARABÉNS! Por ter ensinado a Ana a ser esta menina tão especial como ela é !!!
Um grande bj da tia postiça Dani Brandão e familia
Carol, eu estava lendo mais esse post pra minha filha Thayse de 5 anos, e ela finalmente viu as fotos da Ana Luiza carequinha, e de repente, ela falou "Mãe, peraí rapidinho..." saiu e depois de 2 minutos mais ou menos, voltou. Na volta, ela falou: "Eu fui orar, pra Jesus fazer o cabelo dela crescer logo, pq ela já tá curada, eu já orei pra Jesus curar, falta só crescer o cabelo dela. Ela tá bonita, mas ela quer q o cabelo dela cresça" Eu me impressiono com a dedicação dela em orar toda noite RELIGIOSAMENTE pela Ana Luiza, Ela torçe e todos os dias pede notícias, e pede pra eu ver no seu twitter, como ela está.
ResponderExcluirA Carol de 3 anos tbm ora todas as noites, e fala "Mãe não esqueça de orar pela Aninha, quando a senhora for pro seu quarto".
Manda um bjo pra Ana Luiza e diga pra ela q a Thayse quer conhecê-la.
Carol a pequena esta sendo um EXEMPLO para muitas pessoas!!! como falaram eu tenho ORGULHO DE SER HUMANO quando leio tudo isso.. me da forças e esperanca!!
ResponderExcluirENFIM CREIA DEUS ESTA CONTIGO!!!! VAI DAR TD CERTO ALIAS JA ESTA DANDO!!!
Dani,
ResponderExcluirAna Luiza é uma criança divertida, educada e muito carinhosa. Deus me deu um presente muito grande quando ela nasceu. E passar por tudo isso tem um propósito. Um beijo grande. Em breve vc poderá dar um super abraço nessa pequena.
Lane,
Dá vontade de chorar quando escuto isso. Suas filhas são lindas. E a Thayse adivinhou. Ana Luiza realmente está doida que o cabelo cresça logo. Assim que retornarmos para Manaus, temos que marcar um encontro dessas figurinhas lindas!! Um beijo grande e agradeça suas filhas pelas orações.
Deco,
Obrigada pelas palavras. Mas essa força não é nossa, com toda certeza. Abraços.
Carol, fico muito emocionada em cada post que vc publica, não canso de ficar lendo, inclusive os mais antigos. É um jeitinho da gente que tá longe, se sentir perto.
ResponderExcluirVcs não saem da minha cabeça e das minhas orações diarias..To morrendo de saudades.
Conversando com o Marcos fiquei feliz da vida em saber que a data de volta de vcs já tem uma certa previsão.
Força prá vcs e mais saúde prá nossa Princesa.
Conte com a gente.
Bjos.
Carol,
ResponderExcluirEstou muito emocionada por tudo, não há palavras para descrever tamanha emoção, estou acompanhando mesmo de longe esta luta e obrigada por atualizar o Blog...
Um abraço para Aninha e o Marcos que fiquem com Deus e força, pois você é muito mais que uma mâe e o porto seguro da sua princesinha...
Carla
Puxa...também sou mãe solteira e gente de verdade feito você, Carol, que chora, ri, que sente dor e solidão. A história da Ana Luiza - principalmente a decisão que ela tomou na vida que ia ser feliz e ponto! - me faz companhia e dá força. Essa menininha! É ela quem ensina e acalenta - mesmo quem ela nem conhece! Obrigada às duas! Vocês transformam a vida das pessoas! MUITO OBRIGADA!
ResponderExcluirCarol cada vez me impressiono mais com a sua força, a sua luta.
ResponderExcluirVc é uma guerreira, uma mulher incrivel, consciente, justa...tem uma familia linda.
O Marcos é um super companheiro, e um grande pai, e a Nossa Ana Luiza, o que falar dela, é uma guerreira, uma vitoriosa, super inteligente.
Vcs são uma familia de Deus...unida e muito forte...que Deus continue protegendo muito vcs, que continuem ajudando uns aos outros...pois com o seu blog, suas palavras, pode ter certeza vc ajuda muita gente.
Pois vc fala com o coraçao, vive com o coraçao....e quem age assim só passa a verdade e muita força....
beijos
Mônica,
ResponderExcluirObrigada pelo carinho e pelas orações. Assim que voltarmos para Manaus, faço muita questão de conhecê-la pessoalmente e agradecer as orações de todos da Primeira Igreja.
Raquel,
Muita saudade da nossa turminha, dos jantares na sua casa, nos restaurantes... Falta pouco! E logo, logo estaremos todos juntos de novo! =D
Carla,
Obrigada por fazer parte dessa luta. Com o apoio e a força de vocês, vamos seguindo firmes.
Fabiana,
Vc é maravilhosa. Uma pessoa linda por dentro e por fora que tive o privilégio de conhecer! Espero continuar escrevendo, pois essa história não termina com a cura da minha filha! Obrigada pela força! ps: Vc me ligou no celular? eu retornei a ligação mas dizia que estava desligado o celular ou fora de área. Te ligo pra gente combinar algo no fim de semana, ok?!! Bjos!
Carol,
ResponderExcluirAcompanho teu blog desde que a @alesie divulgou o teu twitter e o do Marcos p/ a doar sangue pra Ana Luiza.
Leio sempre, estou sempre vindo aqui para ver as atualizações.
Li hoje teu depoimento sobre o Marcos e dos medos que a linda Ana Luiza tem, dificil não me emocionar. Vocês tem uma família abençoada, Carol. Que Deus sempre proteja vocês, estou junto nas orações.
Um grande beijo e fé!!
Olá Carol
ResponderExcluirConheci seu blog hj. Li as primeiras postagens e não posso negar que chorei a cada post que li.
Sou mãe tbem e sei, entendo cada momento e cada angústia que vc passou.
Ainda vou ler todo blog para saber como sua princesinha está.
Meu Deus que momentos difíceis vcs passaram!
Vcs estarão em minhas orações.
Bjs para Ana.
Bj
Olá Carol.
ResponderExcluirAbri o Twitter hoje e li a reportagem sobre a história da sua filinha! Não posso negar o quanto chorei, ainda não li tudo porque tenho que estudar, mas quero acompanhar as conquistas da Ana Luiza. Acho que você percebeu que sou xará da sua filha, e não sei se já lhe contaram, mas esse nome é poderoso. Luiza quer dizer guerreira, e assim como a sua Luiza eu também tive que vencer muuitas coisas para estar aqui. Nasci com atresia pulmonar e até os 2 anos e 9 meses passei na ponte hospital-casa. Conheço essa sua angústia, pois meus pais passaram por tudo isso, sei que cada alteração nos aparelhos respiratórios te deixa com o coração na mão. E tenho certeza que a Ana Luiza vai fazer juz ao nome e será uma guerreira inata! Parabéns Carol pela sua perseverança e parabéns pra sua filha linda. Forças hoje e sempre. Um beijão.
Princesa, isso tudo vai passar...
ResponderExcluirEstamos em oração e divulgando o máximo que podemos.
Com amor e carinho,
Rose e Thiago Quadros
Belo Horizonte, MG
Tenha fé em Jesus ele é o Deus do impossível,sou pai de um filho que vai fazer 7 anos, também vou orar em favor da cura da linda Ana Luíza. Que Deus lhe de força nessa hora difícil um grande abraço
ResponderExcluirCarolina,
ResponderExcluirEstou acompanhando todo o processo de cura da sua "princesa". Tenho certeza que ela vai ficar boa. Percebo que a pequena é uma guerreira. Evidente que ela está cansada e com a cabecinha cheia de perguntas. As crianças vivem no mundo da fantasia e ter que enfrentar a realidade dessa maneira não é fácil. Mas ela está se superando e sei que você deve estar sentindo muito orgulho dela. Sua filha é um exemplo de superação e força. Deus está com ela e com sua família. Acredite, tenha fé e saiba que todos os internautas estão fazendo uma corrente de pensamentos positivos. Existe uma música que é uma oração e que quando cantamos sentimos uma força e a presença de Deus. Então amiga sempre que puder cante, seja baixinho,ou alto com a sua filha ou sózinha, enfim... mas cante mentalizando a cura da sua filhota: ..."Eu preciso de ti Senhor, eu precso de ti ó Pai, sou pequeno demais.....Entra na minha casa, entra na minha vida.....faz um milagre em mim (em nós)..." Apenas pequenos trechos dessa obra de fé do compositor Régis Daneze. Eu passei por momentos difíceis no ano passado e cada vez que cantava esta canção de fé eu me fortalecia e coincidência (ou não) aos poucos os meus caminhos se abriram, e até hoje se me sinto "aflita" recorro a esta canção e mentalizo a "fé". É como dizem "ora que melhora" ou a "Fé remove montanhas"! Também peça a Nossa Senhora, ela é mãe e sempre está disposta a estender o seu manto sagrado as mães que pedem a sua ajuda. Recado para Ana Luíza: "Querida, eu e minha filha que se chama Vitória e tem quase a sua idade estamos torcendo muito por você, viu?!... Você é linda, muito corajosa e alegre. Não desanima tá? Tem muita gente do seu lado e muitasssssssssssss crianças por todo o Brasil que gostam de você. Você é uma garotinha muito amada"!!!
Abraço com carinho,
Ana
lindas, lindas e lindas. o que dizer? o que pensar? como elogiar? poxa vida eu nao tenho palavras para agradecer a Deus pela vida dessa princesa... a historia dela tinha que ser escrita em um livro... valente, corajosa, forte, sinceramente nao tenho palavras. apartir de hoje serei mais Homem, mais crente. crente que Deus existe e que da força e esperança em meio a destruiçao. voçe sim mulher, é uma mulher e acima de tudo mãe de verdade. força, vai e nao olhe para traz venha o que vier saiba que voçes tem um BRASIL pra ajuda-las e apartir de hoje eu sou fããããã~de voces... Deus vos abençoe e de força nessa tão ardua caminhada... Gabriel Paixão
ResponderExcluirSÓ QUERO TE DIZER QUE NUNCA VI NINGUEM COM UMA FORÇA ADMIRAVEL COMO VC, E OBRIGADA POR, SEM ME CONHECER ME FAZER ENCHERGAR TUDO O QUE A VIDA TEM DE BOM, NÃO POSSO DOAR SANGUE PORQUE MORO LONGE, SOU DOADORA AQUI DO PARANA, MAS POSSO ORAR POR VC E PELA LINDA PEQUENA E ENVIAR MINHAS VIBRAÇÕES POSITIVAS A VCS.NÃO PUDE CONTER MINHAS LÁGRIMAS AO LER TUDO O Q ESTA NO BLOG, TE ADMIRO PELA SUA FORÇA, SEM MESMO TE CONHECER.TUDO DE BOM P VCS , QUE DEUS AS ABENÇÕE!
ResponderExcluirQuerida ana,o que vc diz no blog é a mais pura verdade:a vida é bela até que algo feio acontece...
ResponderExcluirPassei por momentos de muita dor e sofrimento quando após uma pneumonia, minha mãe sofreu uma parada cardiorespiratória e ficou em estado de coma vegetativo durante 4 longos anos...Agora ela está junto ao Pai celeste, descansou no Senhor! Me emociono muito a cada postagem e de uma certa maneira me identifico. Estou todos os dias desde que conheci o seu blog orando por voce e pela sua linda filhota.E tenho certeza que Deus tem um plano grandioso para vocês pois o Senhor prova a quem Ele ama.Sem dúvida vocês são escolhidos Dele.Uma coisa me chamou atenção:Você sempre agradece a Deus por tudo mesmo em meio a tantas dificuldades... Esse é o caminho!Força!Vocês não estão sozinhos!Juliana
Carol, cheguei aqui pelo blog transbordando inspirações e tenho acompanhado diariamente a sua luta. Estamos orando por vcs e fique na paz que tudo vai dar certo. Tenho 2 filhos e não posso nem de longe imaginar a dor que vc está sentindo. Mas estamos torcendo por vcs. Bj pra Ana Luiza.
ResponderExcluirDeus eh contigo irma, Ele eh a propria cura. a A sua filha ficara curada em nome de Jesus
ResponderExcluirEu estou orando por voces
Rosy Queface de Mozambique (Africa)
ola amada, dando uma olhada no blog do Pr.Siro encontrei seu blog, li tudo e sei que ñ é facil o que está passando mas quero dizer Deus está no controle e tenho certeza q vcs tem tido muitas provas disto e digo também estarei orando pela sua pequena e por todos vcs que estão envolvidos nesta batalha e creio que a vitoria é tua no nome de Jesus...um grande abraço Elizabete, no Parana
ResponderExcluirOlá boa noite, tenho acompanhado o caso da Ana Luiza e fiquei muito triste....Mas também o relato diário me fez refletir sobre a grandeza que ainda existe no ser humano, quando li sobre as doações. Não perca as esperanças, Deus é bom e é fiel, e ele esta no controle de tudo.vou estar orando pela nossa princesinha e por toda sua família. Abraços Marlene , timóteo//MG
ResponderExcluirOlá Carolina! Estou comemorando cada vitória da Ana Luiza, com muita alegria. Estive com o Marcelo Morgan que fêz a música para ela e ele me contou sobre o carinho que sente por sua filha. Aliás, a música ficou muito legal, como tudo o que o Marcelo faz. O Projeto voluntário dele é maravilhoso. Parabéns pelo seu blog, através dele temos esses relatos tão bem feitos, numa relação virtual e concreta com todos os interessados na cura de sua filha e de tantas outras crianças. Que Deus abençõe vocês, sempre! (Maria Lúcia Fonseca Caetano - Projeto Felicidade)
ResponderExcluirOlá Carolina
ResponderExcluirConheci seu blog e estou acompanhando os relatos de cada vitória de Ana Luiza.Eu tenho um blog de Educação Cristã e além de seguir o seu blog coloquei na lista de meus favoritos.Estaremos orando por você e por Ana Luiza,sei que esta situação que você está passando será um testemunho de força para outras pessoas, pois Deus te honrará com a vitória completa.
Deus te abençoe
Ouve esta música - Deus está com você, nos seus sonhos! Ela vai ficar BOA!
ResponderExcluirHá um lugar
Pra chegar
Há uma ponte
Que te levará
Pro outro lado
Há um sonho, uma voz
Dizendo: "os teus sonhos também são meus"
Vou te levar,te conduzir
E quando você alcançar
Saberás que em todo tempo
Eu estive ao teu lado
Há um lugar
Pra chegar
Há uma ponte
Que te levará
Pro outro lado
Há um sonho, uma voz
Dizendo: "os teus sonhos também são meus"
Vou te levar,te conduzir
E quando você alcançar
Saberás que em todo tempo
Eu estive ao teu lado
(Refrão)
Os teus sonhos são meus
Teus problemas são meus
Tua vida também é minha vida
Eu de ti cuidarei
Nunca te deixarei
Os teus sonhos eu realizarei
Vou te levar,te conduzir
E quando você alcançar
Saberás que em todo tempo
Eu estive ao teu lado
(Refrão)
Os teus sonhos são meus
Teus problemas são meus
Tua vida também é minha vida
Eu de ti cuidarei
Nunca te deixarei
Os teus sonhos eu realizarei
Vou te levar, te conduzir
E quando você alcançar
Saberás que em todo tempo
Eu estive ao teu lado
Ao teu lado
Ao teu lado...
Letras de Chris Durán
Oi Carol,
ResponderExcluirPrimeiramente, que Deus lhe abençõe a você e a Ana, o Marcos e sua familia.
Eu não sei honestamente o que escrever agora,mas não me deti a escrever em outro momento até porque não costumo deixar passar as oportunidades!
Me emocionei,chorei, e senti muito do que você escreveu!
Força queria! Você tem uma Joia raríssima!
Beijo
Como não falar p vcs uma palavra de carinho!!
ResponderExcluirDeus tem seus propositos em nossas vidas q desconhecemose que ás vezes nós perguntamos e indagamos ,mais uma coisa é certa sua filha é uma criança especial e linda!!
saiba q vc é mais do que uma guerreira !!
fico me perguntando ! nossa,como ter forças nesse momento !!
mais nós mães sabemos como ter força o lutarmos p nossos filhos tão amadosssss
bom.... desejo a vcssssss q deuss abençoeee muito q continue dando-lhes forças e sabedoria para entender tudo isso!!
bjsssss nos seus corações
saiba q sua filha e amada demais por deus!!!
estou tao longe do brasil olhando o meu face, e derrepente me deparo com a sua historia, eu chorei muito,lagrimas nao consolam, mais foram de sinceros sentimentos da minha alma. vim aqui lhe trazer o meu amor,e minhas preces apartir de agora,nao e de nenhuma religiosa mais de alguem realmente honesto.O NOME ANA LUISA SIGNIFICA ENERGIA DE SOBRA PARA TORNAR REALIDADE TODOS OS SEUS SONHOS. eu tenho certeza que o sonho dela sera estar bem. Eu nao sei se sera invao lhe falar isso,mais eu moro em nova york e aqui lancaram uma vitamin aque se chama curcumin,vem dso chines a anos luz,foi pesquizada pelos americanos e foi confirmado que reduz todos os tipo de cancer e previne..como o extrato de bluberry. nao existe recomendacao para o uso dessa vitamina. bem se vc achar interessante falar com o seu medico,bem eu so quero ajudar. fica com deus..um beijinho cheio de amor para ana,ela e linda!! email..patriciabarrarj@hotmail.com
ResponderExcluirDesde que conheci sua história, peço a Deus pela Ana Luiza!!
ResponderExcluirSuas palavras tocam fundo na alma.
beijos
Querida mamãe...
ResponderExcluirMe admiro pela sua dedicação e amor pela pequena Ana Luiza, estarei orando por vcs,na certeza q logo logo vcs estarão em casa novamente.
Estava com inicio de CA no seio,na igreja Deus usou um irmão visitante para me dizer q tava sendo curada (ele não sabia de nada)e para honra e glória do senhor,em 3 dias o nódulo sumiu,agora estou curada.
Creia no Senhor Jesus,que essa enfermidade não é para a morte,mas sim para a honra e glória de Deus.
Deus te abençoe.
Carol, acompanho sempre seu blog... estou sempre na torcida da Ana Luiza com a certeza absoluta que Deus já abençoou ela com a cura.. nos mande notícias, todos que conheço e acompanham seu blog ficamos anciosos em saber como ela está.
ResponderExcluirGrande beijo,
COMO SEMPRE PASSEI PARA TER NOTICIAS DE VCS.
ResponderExcluirEM ALGUNS MOMENTOS QUERIA ESTAR AI E PODER FAZER ALGUMA COISA PARA DIMINUIR ESSA DOR. EU E MINHA FILHA CONTINUAMOS REZANDO PARA QUE TUDO TERMINE LOGO E VCS POSSAM VOLTAR PARA CASA E ANA LUIZA RETOMAR SUA VIDA DE CRIANÇA, SEM PESOS E SEM MEDOS. ELA SERÁ UMA GRANDE MULHER. E TODA DOR FICARÁ PARA TRÁZ COMO PARTE DE UM ENSINAMENTO, QUE SÓ DEUS PODE DIZER. UM BEIJO NO CORAÇÃO DE VCS DUAS E FORÇA.
Olá Carol,
ResponderExcluirdesde que conheci este blog, tenho-o visitado pra acompanhar a luta de vocês e em especial da Aninha.
Uma situação difícil e dolorosa, mas ao mesmo tempo abençoada pela força e coragem que só o amor nos dá.
Uma vez li que quando estamos saudáveis e rezamos, nos aproximamos de Deus. Mas quando estamos doentes e necessitados, é Deus quem vem ao nosso encontro e fica bem perto.
Eu acredito firmemente nisso assim como acredito que isso tudo que vocês estão vivendo não é por vontade de Deus, mas com Sua permissão para um bem maior.
Que Jesus Ressuscitado seja a vossa esperança sempre. Confiem à Ele tudo e o mais Ele fará.
Um forte abraço e minhas orações.
Beijão Aninha.
olá carol, hoje conheci este blog e confesso que estou em prantos e ao mesmo tempo tentando entender de onde vc tirou forças para tudo que vc e essa gatinha linda já passaram, a minha vontade era de poder dar um abraço em vcs duas, mas acho que eu estaria recebendo nesse abraço muita coragem e fé e amor, porque vc é uma gerreira seus relatos me emocionaram e fico me perguntando de onde vc tirou tanta força!! tenho duas filhas e me pergunto o que faria em seu lugar e não consigo imaginar!!! olha deixo a vc e essa criança lutadora o meu pensamento positivo e que todas as vibrações positivas do universso esteja com vcs que Deus pai todo poderoso esteja com vcs.
ResponderExcluirOlá Carol!
ResponderExcluirContinuo enviando flúídos positivos para você, para a Ana Luisa e para o Marcos. Que todos estejam bem e que fiquem melhor ainda. Amamos a Aninha e juntos comemoraremos a vitória! (Os Anjos dizem AMÈM!)
Deus sempre estende a mão sobre seus filhos e cuida deles a sua maneira! td vai ficar bem!
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